pólen

Francesca
pólen

Francesca
pequena
pérola delicada
grão
mostarda
noção
pequena porção
emoção
gota de amor
instante sem dor
justa palavra
conforto possível
da boa lavra
pequena ajuda invisível
C.L.
872
Caboclo
Minha mãe do céu, Ele ainda nos deu o perdão
Será que isso mesmo que aconteceu
O Homem veio em nome de Deus
Crucificamos o Cristo, ao lado de ladrão
Se Ele alguma coisa roubou
Foi o mal dos corações
Mas nem mesmo isso fez
Só o bem plantou, nada levou
Sou um caboclo destemido
Sofrido e carcomido
Vim de longe para dizer
Como é lindo esse fazer
Escrever nunca me foi fácil
Eu não saberia esse conhecer
Hoje sou até professor
Mas o que ensino é o bem querer
Aprendi com Ele Jesus
Que já de longe é pura luz
Depois de eu muito errar
Na graça de Deus pude Ele encontrar
E deixo abraço de caboclo matuto
Quem lembrar de mim não carece luto
Aqui se vive mais e se trabalha bem mais que aí
Olha para o céu, quanto amor e quanto bem vem daqui
Quinto Zili
545
Um pincel na mão
Uma talhadeira
Uma ideia em execução
Arte se tornando inteira
Uma poesia de toque
Uma canção melodiosa
O esculpir sem retoque
Mesmo a arte religiosa
A alma transbordando
Dobrando a fronteira
Rompendo, ultrapassando
Sentidos em fogueira
Liberdade à arte
Comunhão espiritual
Todo mal à parte
Do veio do bem astral
Ousar-se pintar o sete
Quando Deus nos tem compaixão
O feio na arte não se repete
Pequeno registro da má inspiração
Pintura maior, o infinito do céu
Onde os outros mundos viram estrelas
Arte suprema por Deus ao pincel
Beleza sem fim, de podermos vê-las
Amores
Entre campos e pastos
Nos planaltos e serras
Sem limites e vastos
Até mesmo nas guerras
Onde se plante o olhar
Sempre encontraremos flores
Às vezes como pedras raras
Revelando veios de amores
Homens garimpam minas profundas
Buscando riquezas materiais
Como seriam se nas lavras imundas
Só procurassem os bens espirituais
As pepitas sempre são encontradas
Não importa onde sejam buscadas
Os amores são como tais
Riquezas superiores, mais colossais
Esqueçamos os rancores
Plantemos alianças e compreensão
Colheremos muitos amores
Belas flores de Deus ao coração
Quinto Zili
531
Chamado
Vem do outro lado do muro
Do muro de dentro do teu coração
De que lado vem o som puro
Prestar melhor atenção
O vizinho já escutou
Não foi você quem chamou
Outros vizinhos ouviram também
Há algo diferente na linha do trem
O caminho está assegurado
Vem sendo feito o chamado
Pode a mente furtar-se entender
Vacilar o pensar e se arrepender
Chamamento provocante
Acontecendo a todo instante
Não escuta quem tapa o ouvido
Palavras são do Mestre querido
Ele não altera o tom
Não muda o discurso bom
Nós que damos de ombros
E terminamos em escombros
O chamado na verdade é hino doce
Como cântico de anjos fosse
Daí sofremos na alma e o corpo se reduz
Sem atender a Jesus, único sábio da luz
Quinto Zili
499
Por que Poesia Espírita
Merece uma explicação
Porque adjetivei a poesia
Quando pura e de isenção
Arte prescinde de categoria
Foi uma escolha minha
De como divulgar uma filosofia de vida
Poemas, mensagens, o que me vinha
Da doutrina consoladora pelos Espíritos trazida
Por humildade e respeito, ainda foi definido
Que se tivesse prévia noção do que se leria
Em que o leitor seria envolvido
Mostrar, de antemão, do que a poesia trataria
Quem não aprecia ou desgosta
Descarta antes sem problema
Não quero incomodar, nem a quero imposta
Permitir assim bater o olho e não lê-la
E se a Poesia Espírita ferir alguém
Que fira antes a mim, pobre escritor
Ela falará só do amor e do bem
Será minha a licença poética como seu tutor
Afinado em Jesus sobre os variados temas
Humanidade nada perde com esta poesia
Só ganhamos mais meios de entender problemas
No mais, dos Espíritos, é o que se pretendia
Quinto Zili
Naquele viaduto, vidas
Aquele pequeno espaço tinha servido de casa. De um cômodo, por onde passou e dormiu uma família. Maria, Pedro, três filhos pequenos e dois cachorros.
Uma enchente histórica levou a casa, tudo que tinham e fugindo do perigo, à noite, acabaram nesse buraco sob um viaduto.
Cidade grande, calamidade, emergência e mais uma família assim como tantas outras se vê em completo abandono.
-Mãe tô com fome, mãããe!
-Quero dormir, não vamos voltar?
-Tenho frio mãe.
As sete bocas nada tinham com o que se alimentar e só tinham um galão de água. O local era úmido, sujo e frio. Mesmo sendo verão de enchentes, o calor esquecera daquele lugar.
-Pai tô com medo, ninguém vai ajudar a gente?
Apesar do desespero, pelo menos as crianças dormiram no calor do colo dos pais e grudados aos cachorrinhos. Pedro antes de amanhecer olhou para Maria e se entenderam quase sem falar. Saiu desesperado para buscar ajuda, alimentos e avisou Maria que se não retornasse até o final daquele dia ela teria que sair dali e levar todos até achar um abrigo de prefeitura. Um dos cachorros simplesmente o acompanhou enquanto o outro montou guarda ficando, com o que pareciam entender o drama e colaborando na segurança.
Pedro saiu bastante desesperado. Caminhava, corria, suava, chorava, pensava e orava em voz alta como a convocar o Teco, seu amigo cão a fazer o mesmo “não posso deixar minha família sofrer desse jeito meu Jesus; me ajuda pelo amor de Deus”.
Subiu e desceu ruas, quilômetros, horas caminhando. Gente olhando para ele com desconfiança. Parecia um indigente, sujo e cansado. Num dado momento viu o Teco inquieto que sai correndo em direção a uma cena pouco distante, dois homens atacando alguém. O cão chega mordendo um deles enquanto o outro ainda tentava tirar pertences da senhora machucada deitada no chão, e antes que Pedro os alcançasse eles fogem covardemente. A velhinha muito machucada, sangrando na cabeça e nos braços sem conseguir se levantar começa a falar:
-Ai minha Nossa Senhora, graças a Deus alguém apareceu. Me ajuda aqui moço. Ai! Ai! Pega ali meus óculos. Os danados me levaram tudo, olha só!
-Eu ajudo a senhora…
-Olinda, filho.
-Pedro, dona Olinda
Ele a carregou por mais de um quilômetro até onde ela morava. Sua casa pequena, mas muito arrumada, se destacava na rua estreita e de poucas árvores. Entraram e ele a levou ao quarto onde repousava seu marido doente numa das duas camas. Apareceram vizinhas que acudiram a senhora. Falavam com ele Pedro, para saberem do acontecido, ao que pacientemente relatava.
Pedro apesar de já inquieto e preocupado ficou mais um tempo por perto, quase duas horas pois se compadecera da senhora, mas precisava ir embora para continuar sua missão e ao pedir um copo d’água para sair alguém lhe acenou com um prato de comida e um pouco de ração para seu amigo e lhe pediram que fosse ao quarto da senhorinha.
– Coma Pedro. Você deve estar com fome. Carregou muito peso (Risos). Para onde ia, quem é você?
Ele, enquanto engolia a comida e ia olhando pelas paredes os retratos de uma família linda, acabou contando seu drama. Dona Olinda se emociona e ao som daquela narrativa também olha para um pequeno quadro sobre seu criado mudo.
-Quem são dona Olinda?
-Meu filho, nora e meus 3 netos.
-São lindos, que bela família a senhora tem.
-Eram sim. Há dois anos perdi todos num acidente de carro.
Pedro não sabia o que dizer. Ficou mudo, estarrecido. Seu corpo estremeceu e sentiu muita tristeza, a mesma que estava vivendo com sua família em risco.
-Pedro, vá imediatamente buscar sua mulher e seus filhos. Traga-os para cá. Tenho um quarto nos fundos que vocês podem usar por enquanto.
O homem se ajoelhou perante a senhora, beijou suas mãos, olhou para o velho da cama ao lado, que lhe sorria. Saiu em disparada, correndo. Depois de três horas chega com a família mais Teca e Teco.
A vida naquela casa depois de dois meses mostrava o que é se encontrar um oásis em pleno deserto. O casal de velhos entendeu que Deus lhes devolveu a família. Pedro e sua família entenderam que Deus lhes enviou um par de anjos protetores.
Pedro era um faz de tudo na casa e pelos velhos, além de conseguir fazer bicos e conseguir ganhar a vida honestamente e Maria uma pessoa extremamente caridosa que cuidava dos velhos com amor, o mesmo que dedicava aos seus filhos com esmero.
Em seis meses o velho marido de Dona Olinda falece. Ela na sequência também começa a adoecer e por não terem parentes a quem deixar o pouco que tinham, avisa Pedro que se ela morresse ele deveria procurar um tal senhor no cartório do centro.
Dona Olinda havia sido importante professora de uma escola da região e acabou conseguindo lá mesmo matricular os três filhos do casal, Ana, Clara e Junior, 9, 7 e 5 anos. Ensinou tudo o que podia a Maria, inclusive a costurar numa máquina que possuía. Em um ano ela se vai, deixando tudo que tinha para o casal. A casa, economias e uma gratidão enorme pois Pedro e Maria cuidaram dos velhos como se seus pais fossem.
Cidade grande, desumana, trágica.
Gente boa, calor humano.
Providência divina.
Desespero e medo.
Amor e compaixão.
Tudo se mistura numa grande cidade. Inclusive vidas”
Quinto Zili
829
Apelo
Insisto com esse meu apelo
Já há muito lhes faço
Para mim tem sido um pesadelo
Podem crer no meu embaraço
É recorrente e digno
Qualquer pedinte o faz
Meu apelo é benigno
Mormente daqui onde se jaz
Só uma prece
Uma lembrança pela minha alma
Nada mais me aquece
Fiquei perdido, me findei sem calma
E como eu há muitos semelhantes
Parentes, amigos, conhecidos
Apelo por todos cambaleantes
Somos irmãos, não frutos desconhecidos
O amor acende uma luz
Mesmo à distância se produz
Um jorro de esperança a quem se conduz
Elo distante até reencontrar Jesus
Quinto Zili
557
De onde veio essa coisa de que homem é superior à mulher, sendo que no máximo, na realidade, ele tentar lhe ser igual ainda seria precário. Quando os homens pensavam que elas evoluiriam até atingir o nível deles. Quando tudo, de verdade, se passava ao contrário.
Por excelência de seu existir, ou na dose superior de resignação, as mulheres se curvaram à violência e ao orgulho dos machos de sua raça. Até hoje ainda, elas, em número equivalente porém melhores, os admitem, homens de toscas falhas, a atuarem como os responsáveis pelo mundo. Mera concessão e de graça.
Ora, ora, acreditem ou não, está terminando esse ciclo. O homem finalmente está começando a perceber sua ruidosa e vaidosa condição, de força e violência, truculência e orgulho, e em tendo agora que fazer tarefas erroneamente classificadas como femininas, vai percebendo sua real posição.
E a questão se mostra mais clara aos olhos do espírito, em que não se distingue sexo. No corpo de carne é uma injunção decisiva, de provas, de necessidades, de múltiplas experiências. Perante Deus, somos todos iguais. Corpo e alma. Sempre fomos, sempre seremos. E o homem pleno, esse nunca se viu nem acima nem melhor que a mulher, ao contrário, sempre lhe rendeu reverência pela sua melhor condição de sensibilidade e amor de mãe inatas, que são diferenças naturais criadas por Deus. Elas são superiores aqui na Terra. Elas dão o equilíbrio às relações, pregam paz em vez de guerra.
Rendamos, homens, nossas humildes homenagens à elas. Às nossas mães, esposas, irmãs, filhas, sogras, e à todas indistintamente, que até hoje tentamos subjugar pela força e menos pela inteligência, que sempre nos faltou à mente.
A evolução foi da mulher e do homem, mas elas sempre estiveram à frente. O homem é que saindo da inferioridade, hoje melhorado e menos nocivo, passa a entender agora o seu papel e sua falha milenar de esbulho possessivo.
VIVA AS MULHERES, HOJE E TODOS OS DIAS!!
Eder Ziliotto
Sim, foi naquela roda. Lá que ele nasceu, que o encontraram. Só lhe contaram isso quase no final da vida. Abandono é o sentimento mais duro de suportar. Rejeição.
-Olá, bom dia seu Zeca.
-Bom dia minha filha.
-Trouxe um pouco de comida e leite. Não consegui o seu remédio.
-Você já é um remédio para mim, lembrando desse velho, minha querida.
E essa era a rotina dos últimos dias de Zeca, aos setenta anos, vivendo na rua de dia e se recolhendo à noite ao abrigo da cidade que o acolheu desde criança. À essa altura já sofria de doença reumática degenerativa. Perdera sua pequena oficina e nem podia morar sozinho devido suas precárias condições de saúde e vivia praticamente de doações e ajudas de pessoas amigas.
Foi criado numa creche de Santa Casa porque quando foi achado na roda dos expostos logo surgiu aquela senhora do convento que o levou ao padre da cidade. E assim ele cresceu pelas mãos de pessoas abnegadas. Se tornou jovem, aprendeu ser sapateiro e foi como trabalhou toda a vida, ficando conhecido por toda a redondeza pelas suas habilidades. Por vezes pessoas o procuravam por achar que pelas suas mãos habilidosas no couro, também aconteciam alívios de dores e até curas, segundo muitas testemunhas. Mulheres levavam seus sapatos, sandálias e joanetes e depois de tempos se sentiam livres de dor. Até pés deformados por artrite e dor apareciam curados ao serem tocados por suas mãos. Mas também era mau visto por maridos ciumentos e muitas pessoas descrentes.
Zeca era pessoa calma, bondosa e paciente. Entendia de misericórdia como poucos. Nunca teve curiosidade de conhecer seus pais. Acreditava mesmo que não os tivesse ou os merecesse ter. Seus pais na prática foram as freiras do convento, voluntários da Santa Casa e pessoas de bom coração da cidade. Seus irmãos, todos os outros abandonados, rejeitados como ele.
Teve sua pequena oficina atrás da igreja em cantinho arrumado pela prefeitura e ganhou suas ferramentas do dono da rádio da cidade, seu primeiro freguês. Lá morou e viveu sozinho até se adoecer e não mais conseguir lidar com a bigorna e a turquesa. Suas mãos atrofiaram.
Um dia antes de sua partida para o céu do Senhor Jesus, e ele chorava toda a vez que rezava para Ele e Nossa Senhora Sua Mãe, recebeu uma visita de uma senhora. Logo cedo, já estava na calçada da praça como de costume e ela se aproximou. Ele achou que estava sonhando e não deu de olhos. Sentiu um aroma intenso de incenso de igreja mas não conseguia fixar sua atenção. Ela pousou a mão sobre sua cabeça dizendo:
– Meu filho, vamos agora, chegou a hora de partir e encontrar sua família.
O homem começou a tremer e chorar e tentava descobrir atinando os pensamentos, quem era que lhe falava assim de maneira doce mas firme e então ela mais uma vez lhe falou:
– Sou sua avó meu Zeca querido; estou com você desde o primeiro dia de sua vida aqui nesta cidade.
Zeca chorando compulsivamente, respondeu:
– Mas minha avó, como é seu nome, e minha mãe, meu pai onde estão?
Zeca até então em toda sua vida nunca lembrara dessas figuras e menos ainda que poderia ter uma avó.
– Noêmia e seu avô José, estamos aqui agora para te receber e te levar. Seus pais, você irá encontrá-los quando for do merecimento deles. Fique tranquilo e que Deus o abençoe.
Zeca viveu esse último dia na Terra muito intensamente e foi o mais excitante de sua vida. Seu coração levado por tantas emoções e alegria bateu descompassado e parou naquela noite. Como ele não apareceu no abrigo, pela manhã o encontraram deitado e no rosto um sorriso, os olhos vidrados como quem vira o passarinho verde.
Essa foi a vida do Zeca, setenta anos de simplicidade, humildade e resignação. Distribuiu amor e caridade. Na verdade retribuiu a caridade e o amor que ele mesmo recebeu apesar da ausência dos pais. A roda o expôs à vida e Deus não o abandonou. Zeca, no seu íntimo, sabia disso.
Quinto Zili
821
O tamanho do teu calvário
Revela tua senda anterior
Ou tua entrega ao precário
Do trabalho para o Senhor
Dois os meios, uma finalidade
Quem foste no passado
Quem tu serás em verdade
Onde o final não é a cruz do pecado
Jesus sim foi à cruz
E demonstrou o bem sofrer
Foi escolha maior, se deduz
Nos ensinou o perdão no limite do ser
Se tua cruz é pequena
Calvário é humano benefício
O que importa e vale à pena
Tua ajuda ao próximo com ou sem sacrifício
Quinto Zili
248
Antipático um rosto
Outro, doce e afável
Uma cara agradável
Outra que só revela desgosto
Muitas são as faces
Nem sempre gentis
Talvez muitos disfarces
Angústias em perfis
Sorriso de aberto semblante
Nem sempre é alegria
Mas ainda assim alivia
A quem o olhar é desconcertante
Exercício de fazer melhorar
No rosto um sorriso leve plantar
O que custa o esforço de demonstrar
Pelo menos educação quando outro lhe fitar
Ainda notarás o benefício
Te tornarás mais bonito
Quem te olhar agradecerá tal resquício
Colherás do bem com teu suave fito
Quinto Zili
484
Francesca, 9

Pior fantasia do homem
Alegoria da destruição
Que o ser humano veste
Quanto e quando quer parecer a peste
Pintam o diabo de vermelho
Quem ele é, o macabro
Onde mora e tal
Longe da casa moral
Fetiches e basbaques
Ignóbeis retoques
Quanto mais retratá-lo
Menos se faz destruí-lo
No fundo é o mal
Fantasiado de tudo
Passa por bom, por amigo
Deixa o rastro sempre de perigo
Espanta crianças, moços e velhos
Existe forte em nossa imaginação
Como figura e ser nada é
Mas como possibilidade é tudo até
Se o diabo fosse só o que pintamos
O bem já o teria vencido
É pior, mais forte, pelo fel movido
Feito do mal que nós mesmos praticamos
Quinto Zili
423
Leve poesia
Me leva
Me alivia
Me eleva
Feito cometa que o céu risca
Arrisca minha alma dura
Me apura, me revista
Depura essa dor que me fura
Romanceia minha vida
Muda meu veio
Me torna atrevida
Afaga meu seio
Alegra minha tristeza
Poesia riqueza
Atravessa o espaço
Me traz um abraço
Quando chegar
Um dia o meu dia
É só me levar
Morrer também é poesia
G.M.
809
A casa caiu
Foi levada
Lavada, tragada
Sumiu
Meu teto se foi
Construção desabou
Nada sobrou
Até morreu meu boi
E a plantação
Tudo findou
A lama desolou
Me resta a renovação
Mas, de mim, onde estou
O pesadelo é real
Meu corpo também passou
Acho que estou em outro astral
Está difícil entender
O que devo fazer
Me socorre meu Deus
E a todos os meus
Não sou coitadinho
Não vale assim me ter
E meu teto em Brumadinho
Esse nunca mais irei ver
Quinto Zili
Na cadeira de rodas seguia aquela alma, presa naquele corpo cem por cento deformado. Éramos uma família unida em torno daquele ser que pouco ou quase nada se comunicava.
Nós, irmão e irmãs pouco entendíamos aquela situação. Porque nossos pais teriam gerado aquele ser oblíquo, triste, problema, que só atrapalhava e incomodava a todos. Na minha ideia de caçula aquele irmão mais velho já nascera na cadeira de rodas.
Subimos num ônibus certa ocasião. Papai tirava meu irmão da cadeira de rodas e subia com ele no colo seguido pela família naquelas incursões sofridas. Tudo parava naqueles momentos. Todo mundo dava passagem e atrás seguíamos nós e mamãe. Todos pequenos. Praticamente alterávamos o cenário por onde passávamos.
Naquela tarde havia um médica , não sei bem, uma benzedeira e para longe precisávamos nos deslocar. Só lembro das tristes cenas. Sempre ouvia comentários sobre meu irmão, justo o mais velho, entrevado, retorcido, uma paralisia cerebral grave o assolava desde o nascer, enquanto nós outros três éramos perfeitos, até demais.
Chegamos lá, naquela casa, e aquela mulher me emocionou de pronto. Bastou aparecermos na porta daquela humilde residência, depois de três horas de périplo, e um sorriso que eu nunca tinha visto antes nos recebeu a todos como uma família normal e meu irmão foi recebido como o principal ente da prole. Papai e mamãe choraram do começo ao fim daquele encontro com aquela mulher. Não me lembrava de seu nome, só de seu sorriso e suas palavras.
– Chegou finalmente meu querido João. Como você está bem! Quanto tempo hein, quanto te esperei? Como vão as coisas por aí, e essa família que te recebeu, que benção, que oportunidade para todos. Que linda família você uniu em torno de você meu querido.
Parecia uma conversa fluida. Cada gemido do João, e ele só gemia mesmo o tempo todo, tudo era como um bate-papo e cada palavra dela era correspondida, eles pareciam conversar e se entender num diálogo perfeito. Às vezes ela só ficava passando as mãos no corpo dele como que tirando coisas ou simplesmente aliviando suas dores e seu sofrimento e do rosto de João começaram a brotar lágrimas nunca vistas por nós de sua família. E por um momento achei que via alguém saindo de dentro dele, parecia ele mesmo, eu vi, ele passeou entre nós de mãos dadas com a mulher beijando papai e mamãe, e Lia e Paula que estavam adormecidas num transe e quando chegaram perto de mim, me deram um abraço que nunca mais vou esquecer. Parecia que flutuavam e chorei até não poder mais. Nossa, meu Deus, que foi aquilo!
Fomos embora de volta para casa na mesma romaria de sempre, toda a dificuldade material que passávamos, mas desde aquele dia muita coisa mudou em nossa família.
Voltávamos quase uma vez por mês à casa daquela mulher e tudo pareceu mudar em nossas vidas. Meus pais aceitaram cada vez mais o João e conversavam mais com ele assim como nós, seus irmãos, aprendemos a respeitar e cuidar mais dele também. Ele dependia de nós mas parece que todos nós é que dependíamos dele na verdade.
Dona Maria era o nome dela. Ela já faleceu e no dia de sua morte o João teve uma forte convulsão que o levou também. Vivemos trinta anos juntos. Nossos pais sofreram bastante, mas a passagem do João pelas nossas vidas foi essencial para sermos hoje melhores do que antes dele.
Quinto Zili
805
Boechat
Calou-se um certo gênio
A voz sincera, da honestidade já
Não mais ouviremos o generoso Eugênio
Mais conhecido como Ricardo Boechat
Muito jovem se vai o querido moço
Jornalista de primeira linha
Da verdade não largava o osso
Radialismo perde o que melhor se tinha
Foi do céu que ele caiu
Triste história que se viu
Fez sua própria notícia
News essa que queríamos fake, fictícia
Terrível essa fatalidade que nos trava
Voz crítica, bonita e uma risada boa
Um esgrimista da palavra
Ele nunca a usava à toa
Se foi Boechat um artista querido
Fácil admirá-lo e acompanhá-lo
Fará toda a falta, crítico destemido
Verdade será sua marca sempre; a guiá-lo
Até logo amigo!
Quinto Zili
Coloqueis tudo na receita
Abundantes ingredientes
Poção de saúde perfeita
Pitadas de vontade apetecentes
Esse prato será completo sabor
Cozido no fogão do amor
O jeito de cozinhar é marca
Cada qual tem um estilo e um enredo
Mas pedis por uma sopa farta
Vais ver que a emulsão tem segredo
E cada parte da feitura
Toma aspectos de entrega pura
Democrata é a sopa, irreverente
Qualquer acepipe fresco ou bem maduro
Viram quentura de um sabor final diferente
Umas suaves, outras com toque e aroma puro
Faz-se o blend preferido ou um bem requintado
E sopa com pão é essencial, mais queijo ralado
No imo desses versos, que importa é o efeito
Mata uma fome e sacia um desejo
Rega uma reunião familiar num alimentar perfeito
Sopa une tudo, ingredientes, calor, para tomar de beijo
Quem faz, quem come ou toma, ninguém rejeita
Quente ou fria, parece mesmo de amor ser feita
Quinto Zili
461
A sede que mata e que desata, prostra e desidrata.
Como a fome que também assoma o homem e consome quase a alma, seca o abdômen e encolhe o ser que a tome.
Água da boa, pura e limpa, da melhor fonte que se esconde no mato e montanha, e brota sem receio de matar a que nos mata, essa sede ingrata e tamanha.
Bica, mina que vira veio, que vira regato, riacho, cascata e rio até chegar num oceano. Água, que sem nenhum plano, conhece todos os caminhos, serve a todos ninhos, até encontrar alguém que a sorva e se alimente, que é líquido do bem até na enchente.
Deus não esqueceu de nada neste planeta e nem a água abundante para tudo e para todos, o mais precioso bem material. Ela é o fluido da vida carnal como o amor o é da vida espiritual. Como todos os fluidos da vida, a água se une ao cosmo, ao fluido universal.
Água que, se da mão à boca se evapora, virando a chuva que retorna à Terra e colabora, inunda, também mata e arrebata. Reajusta o equilíbrio e os ecossistemas que o homem vem tratando de desajustar há muita data.
Comparar a água ao conhecimento e se terá a compreensão. Ela sempre aparece e brota num canto e varre tudo em aluvião. Percorre todos os caminhos até se encontrar num oceano caudal, que é pura convergência do conhecimento atemporal.
Quinto Zili
511
Filho no banco de traz do carro, pergunta ao pai enquanto este dirigia:
-Pai, você viu aquela mulher?
Pai meio absorto nem responde, trânsito pesado de cidade grande, cansaço, tinha pego o filho na escola, tarefa que não lhe comprazia tanto.
-Pai?
-Que foi?
-Aquela mulher, como ela consegue carregar aquele saco gigante na cabeça e ainda em cada mão uma sacola grande ?
Pai meio sem paciência e além do mais não gostava de passar naquele bairro pobre …
-Ela é artista, ganha muito dinheiro fazendo isso, tá de boa.
-É mesmo?
Pai queria matar o assunto, com aquela brincadeira de humor tosco e desprezo.
-Mas pai, como é que ela consegue ? não deixa cair nada, você viu?
-É artista!
-Você falou que ela é rica?
-É, tá até se divertindo; até lata d’água na cabeça ela também consegue levar.
-Pai, porque você não aprende isso com ela?
-Pra que filho?
-Daí você não precisava mais ir pro seu trabalho, ficaria menos nervoso, brincaria mais comigo e ia ter bastante dinheiro também pra comprar aquele carrão vermelho que você fala que só rico tem, a Ferrari. Quantas que ela deve ter, né?
No primeiro posto de gasolina o homem para o carro, deixa no abastecimento, sai com o filho e entra na loja de conveniência. Tomam sorvete juntos, enquanto o pai ganhava conveniente tempo. Queria mesmo apagar o recente acontecido. Até estava se sentindo meio mal.
Tempos mais tarde, dois anos depois, o pai um pouco mudado, viaja ao nordeste com o filho e a esposa para visitar a família há muito deixada para trás.
Na pequena roça de sertão, na caatinga quente, pobre e humilde, onde os pais viviam da cana e da mandioca, são recebidos e o menino chora ao ver a vó que chegava ao mesmo tempo, vinda de um nada no meio da poeira com uma enorme lata d’água na cabeça para abastecer a casa de taipa e sapé.
O filho pródigo voltou!
Quinto Zili
792
Que não sou famoso, preciso ser esperto, de levar fama e ganhar cama.
Pois cama, leva o famoso lhe deitar, dela acaba sem levantar, quiçá na lama.
Quero só a cama. Dela apear após dormir.
E fama?
Não…desperto, bem esperto, de pé, sem lama.
Não…quero só o simples, quero meu filtro de barro, de água fresca bem farto… e luz amarela a lumiar meu quarto.
Quinto Zili
784 b
Hábito que cura
Descende do caminhar
Excede mais de um limiar
Tem mais pegadura
Há que se ter preparo
Constância e persistência
Desistir não é raro
Sucumbir é má experiência
Correr é viciante e traz hormônios do bem
Bichinho te fisga constante e além
Quem começa dificilmente para mais
Começa uma relação de bem estar aliás
O peso, inimigo maior; cuidado
Se forçar sem adequar é sinistro
Dieta adequada, bom sono, melhor aliado
Qualquer problema vascular deve-se buscar registro
Há que ser meio, não fim
Competições desnecessárias, mas estimulam sim
O que mais importa mesmo é que correr te melhora
Alivio ao espírito e respeito ao corpo como nunca outrora
Quinto Zili
441
Iniciar e quebrar toda inércia
Ponte a ser construída
Pensando em sair do fim que começa
E tudo espantar que te impeça a saída
Bloqueios de vida, quem para, se entorpece
Se for só intervalo cuidar que não dure
Recomeça o trabalho que te enobrece
O tempo não para, melhor te apure
O duro começo em tudo é difícil
Mas busca coragem, desejo e vontade
Não se atrapalhe, começa no ceitil
O primeiro passo é quase a metade
Ouvir o chamado é de bom alvitre
Não pense que algum dia esteve sozinho
Há sempre um amigo, não recalcitre
No enlevo de ser pioneiro mesquinho
Para o início se dar, se coloque humilde
És engrenagem do todo e não podes falhar
Postura de trabalho só terás se te lides
A ele se entregar, se forjar para amar
Começar é amar. Trabalhar com Jesus.
O chamado é Dele, que te conduz
Quinto Zili
173
A gente caçava para comer
E se defendia para não virar comida
Não era fácil sobreviver
Pois tudo era risco em torno da vida
Bem antes do fogo, a vida era dura
Inverno se morria de frio e de fome
Caverna era única morada segura
E o verão era mais suportável ao homem
Sentimentos eram ainda porto incerto
Alimentos, a batalhar todo dia
Não se contava com amigos por perto
Tudo era busca, tudo utopia
O espírito demorou a ser imaginado
E o alimento era mesmo para o corpo material
Demorou o homem a se ver do outro lado
Mas era puro, consciência construindo o ideal
Hoje temos o alimento sobre a mesa
Podemos comer voltados à saúde
Para o espírito já temos nova certeza
O alimento é a moral, amor a virtude
Quinto Zili
138
Galhardia de um ser
Coragem de viver
A fagulha do dever
Aponta o rumo do querer
Não ter impulso
Fraco o pulso
Inacabada obra legada
Fato e memória roubada
Se deixou para trás
Se quis roubar o tempo
Volúpia do antrax
Pouquidade e traição
Com Deus e nosso Mestre atento
Assim se fez o turbilhão
A.Q.
648
Assim se houve
Acontecido
Trágico e entorpecido
A quem o mal se aprouve
Outras vidas como aconteceu
Se veio à luta
Para uma prova ininterrupta
Tentames funestos no que se deu
Sensações estranhas
Um ego denegado
Exação nas entranhas
Ah! que dificuldade
Viés escancarado
Minh’alma em tempestade
A.Q.
650
Até o último homem
(“Hacksaw Ridge”)
Ver esta película forte
Nos expõe aos horrores da guerra
Imagens chocam e nos ferem à morte
A luta de seres, o mal que lhes encerra
Mas havia um soldado, Desmond Thomas Doss
Cuja fé levou como única arma, a que não falha
Missionário naquele momento atroz
Resgatou seus pares e até inimigos na batalha
Uma história do bem contra o mal
Como estar numa guerra esquecendo o egoísmo
Como fazer caridade em meio a condição brutal
Servindo a Deus no pior cenário, no fogo o batismo
Uma bela narrativa, que ali se viu real
Parabéns ao diretor mesmo pelas imagens de choque
Melhorou Mel Gibson, adoçou o mal
Mostrou o bem em ação, até o fuzil de reboque
Não vi o filme pela guerra, é evidente
Vi o exemplo de um ser e a caridade em ação
Passo mal só de ver arma, quanto mais tê-la na mão
Vi a vida em tantos conflitos da humana mente
Há bons filmes, mesmo os sobre guerras
Frentes de batalha e horror
Qual nosso dia a dia em qualquer terra
Mas há amor e fé, que sempre aliviam a dor
Quinto Zili
770
Prêmio à dedicação
Como também a dirão
Sopro de Deus na vida tua
Como que mais
Ungido pela Lua
Ajuda mágica ademais
Sorte pode ser tudo
Até falta de azar
Mas o que mesmo é
Na real, só o colher do plantar
Colheitas desta vida
De vidas passadas
Refletem a ação
Na forma da reação
Sorte não é algo a mais
Pois nada é por acaso
Experimenta começar a fazer só o bem
Muito menos mal sofrerás também
Sorte não é luxo
Loteria não é sorte
Pode até ser infortúnio
Espreita do lobo em plenilúnio
Queira estar sempre em sintonia
Pense na sorte de havermos Jesus conosco
Nosso planeta Terra ainda em distonia
Esse sim, sem Ele, um universo tosco
Quinto Zili
521
Não queria de um jeito
Nem de outro tampouco
Só reclamou do feito
Parecia um louco
Tanto exigiu; se refez
Quem entregou se esmerou
Ainda assim se frustrou
Não satisfez o freguês
Tanta reclamação
Exagero do cliente
Virou insatisfação
Frustração do atendente
Ficou incompleta
Relação inconclusa
Vida, dessa situação repleta
Muita exigência confusa
Vaidade, quase esbulho
Apogeus de orgulho
Distante humildade
Exigente se perde em sua realidade
Mas esse é só um ponto de vista
Vai que alguém conteste tal tese achista
Dê razão à exigente reclamação
Coitado então do atendente desse balcão
Quinto Zili
764
Não temos vagas para santo
O anúncio estava na porta do céu
Virou-se o ateu com cara de espanto
Estou na porta errada, mundo cruel
Quis chamar alguém acima
Mas não iria blasfemar como bom ateu
Sentiu um certo clima
Que alguém lhe ouvia, mesmo assim não creu
Não queria ser santo, só queria entrar
Mas porque o aviso justo a ele estranho
Abriu-se a porta e de puro espanto
Havia muitos amigos e nenhum santo
Amigos do bem a quem sempre respeitou
Parentes queridos, olhares generosos
Gente que o respeitava, a quem sempre cuidou
Mas nem o tal ser supremo, nem santos famosos
Todo bem que fez em vida o lado de lá já percebia
Sem saber porque mas sempre fez como amor
De repente tudo parou e a todos uma luz invadia
Ser superior surgiu trouxe a todos uma flor
O amigo recebeu uma especial das mãos daquele senhor
Nosso Pai te mandou receber a entrar e te dar este presente
Foste um filho exemplar e cuidou de muita dor
Ele viu lhe falavam de Deus, mesmo que foi irreverente
Quinto Zili
201
Foram de barro
De pedras
Depois asfaltos
Hoje o chão dos autos
Das infâncias lembranças
Peladas com bolas de pano
Descalços éramos liberdade
Pés nas ruas sem vaidade
Hoje corremos
Maratonas fazemos
Por esporte ou trabalho
Ruas cheias de atalho
A vida elas cortam
Enchentes as devoram
No calor almas as repletam
No frio viva alma as secretam
Nosso irmão maior Jesus as usava
Por onde andou, ruas por onde orava
Pregava ao mundo enquanto nelas
Ruas e vielas foram seus templos e portelas
Nada a negá-las
As ruas são belas
O povo enriquece esses caminhos
A vida faz delas seus grandes ninhos
C.A.
710
Que nunca nos falte
E a ninguém se negue
Que cada um se fortaleça
E o pão da vida lhe abasteça
Fome nos consome
Injustiça entre os homens
Aqueles que privam seus irmãos
Se corrompem pelas mentes e mãos
O administrador que falha
O trabalhador que atrapalha
Um manda errado
O outro a tarefa deixa de lado
Todos querem o pão
Por vezes até enlouquecem
Lutar todo o dia sem amor no coração
Ferir as leis do Pai lhes acontecem
Sem plantio do trigo não haverá pão
Sem moral elevada não há plantação
Que colheita se espera
Escassez na nova era
Nem o pão do trigo
Nem o pão da alma, o abrigo
Sem Jesus no coração
Misericórdia divina será só provação
Quinto Zili
715
Alguma comida sempre tem
Por caridade se consegue
A fome aplacada num vintém
Bucho vazio não prossegue
Difícil matar essa fome
Quando vem do coração
A cabeça vira estômago sem pão
Alma que não dorme
O sono engana a noite
Corpo vira zumbi
Fome de amor é açoite
Sem paz se pode sucumbir
O alimento é o rogo atendido
Com bom tempero a esperança cresce
Daí vem de Jesus o cozido
Servido no prato da prece
Cada qual pede o que precisa
Mas se sabe o que Deus provê em amor
Se for prova, coragem e a utiliza
Se for alívio, agradece o passar da dor
Quinto Zili
732
Hoje é dia de véspera com ceia natalina
Quando o dia brilha e a noite se ilumina
Que assim feitos nos mostram de onde vem a luz
Senão de quem, do maior, de Maria o Filho Jesus
Eis que nos emocionamos muito
Queremos ser diferentes, mesmo que só no intuito
Daquela cruz temos pouco conhecimento
Jesus nos mostrou o amor em puro ensinamento
Que Ser foi Aquele, iluminado
O Filho maior do Pai maior
Sua festa amanhã, o dia mais esperado
Ele Jesus no entanto nos lembra diariamente
Natal tem que ser o dia a dia melhor
O bem conduzindo ao amor, o verdadeiro presente
Quinto Zili
Quem controla a Natureza
Um único Deus, na leveza e beleza
Não o homem carnal
Nem o homem espiritual
Em verdade abusamos
Nos descontrolamos
O supérfluo se tornou essência
Até o mau uso se faz da ciência
Ilusão de termos o controlar
Enquanto o caos emerge do nada
Um dia o caldo pode entornar
Tragédias sem hora marcada
Daí nos surpreendemos
A Natureza culpamos
Do todo pouco entendemos
O gosto da vida às vezes nem provamos
É o aprendizado no limite
O Pai e o Mestre nos aguardando
Enquanto a Natureza nos permite
Ousarmos destruí-la, mesmo ela nos educando
Quinto Zili
Sem como encontrar
Não tem no dicionário
Não carece procurar
Falta no vocabulário
Teria um amplo significado
Esperânsia uniria esperançosos e aflitos
Os que velam pelo esperado
E os ansiosos convictos
Sim, quem de nós não é assim
Digamos que a maioria
Ansiedade complica enfim
Só esperança, de todo, não traz alforria
Não se critique a esperança
Que muita vez é crença e fé
Melhor quando estimula confiança
Que só o trabalho traz sem dar ré
Ânsia ou ansiedade
Quando nelas se opera
Traduzem angústia ou até vaidade
Humildade, combate a depressão que desespera
O humilde, leia-se, não o pobre
Aquele que trabalha sendo eterno aprendiz
Não o faz só pelo soldo, que não falta ao nobre
Sim, entende o valor do fazer e sabe ser feliz
Quinto Zili
749
Alegrando o dia
Logo cedo
Sem apatia
Sem medo
Temer o quê
Se podes sorrir quando quiser
Sofrer porque
Se a vida é o que dela fizer
Tristeza bate de surpresa
Alegria foge, simula pobreza
Um sorriso espanta a aspereza
Questão de segundos volta a beleza
É a roda gigante brinquedo
A gangorra da vida à mão
Embaixo se passa segurança sem visão
Por cima é vislumbre, excitação e medo
Sorrir é mais fácil que chorar
Menos músculos na face a usar
Melhor chorar de alegria
Mas sorrir é o que mais contagia
Quinto Zili
547
Vejo teus olhos
Percorrerem essas letras
Correndo o papel
Muito rápido
Sem perder tempo
Estressa à toa
Escoa
Como água
Cascata do assimilar
Com pressa
À beça
Para que
Correr tanto
Vivemos tanto quanto o cágado
Cem anos, por aí
E o homem
Não mais que quarenta mil anos existe
Inteligência quando surgiu
Muito rápido
Nossa vida
Corrida
Para que
Deus não tem pressa
Mas é tão rápido quanto não podemos imaginar
Natureza nunca se apressa
O bem ajuda o amor a qualquer um conquistar
Caridade é a única necessidade
Compaixão a principal urgência
O amor a máxima qualidade
E o mal é rápido, na sua própria demência
Quinto Zili
570
Chão de pisar
Por onde ando
Terra de plantar
Colheitando
Ciclo de vida
Plantar, colher
Terra servida
Nos dá de comer
Terra não é propriedade
Deus não nomeou tabelião
Nada nosso, nem metade
Documentos não vão no caixão
Toda terra é de Deus
Natureza é dádiva maior
Retiras dela o sustento dos teus
Tuas cinzas a adubarão melhor
Destruir o orbe como o homem faz
Esquecendo de quem é a real propriedade
Talvez um dia seja capaz
Compreender seu papel aqui, pura necessidade
Quinto Zili
Não sendo carnaval
Porque usar todo dia
Cara lavada não faz mal
Ou sinceridade é utopia
Nós humanos da Terra
Raça da inteligência
Supremacia em si encerra
Tememos o confronto na essência
Ser claro e despojado
Mostrar semblante altero
Orgulho é redobrado
O medo mais sincero
Somos dúvida pura
De tudo e todos duvidamos
Orgulho é tese segura
Abrange tudo que pensamos
Sem máscaras seria razoável
Alvitre e aceitação sem vaidade
Impera no entanto o insondável
O achar superior, distinta humildade
Quinto Zili
Fonte
Bica
Inspiração
Vibrante
Rica
Aspiração
Respirando
Inalando
Pensando
Projetando
Animar a mente
Sentir o amor
Inspirar ardente
Exalar a dor
Melhor
O bem
O amor
Amém
284
Sentimentos de culpa
Ultrajam nossas almas
Que pena morrermos às vezes
Lamentamos sob palmas
Já fomos perversos
Espíritos ao bem reversos
Hoje estamos melhorados
Nos sentimos mais amados
Fomos algozes
Fomos vítimas
Hoje queremos ser bons e velozes
Fazer caridades legítimas
Calma com o andor
O barro desanda e dói
A vida se reconstrói
Nada justifica o temor
“ Para a virtude da discrição, ou de modo geral qualquer virtude, aparecer em seu fulgor, é necessário que faltemos à sua prática. “
Carlos Drummond de Andrade
DRUMMOND
Ele entrou na casa da poesia.
Entrou. Lá viveu e se trancou.
De lá saiu só para ir de vez. Embora.
Deve ter levado a chave ou a jogado fora.
Ou só contou o segredo a uns poucos amigos, outros poetas.
Aqueles que entendiam melhor os seus escritos, escritores atletas.
Que de pronto, sem inveja, com bondade , o viam sem vaidade.
Escrever o amor como ele o fez, desde o cheiro dessa brisa, só quem contemporiza, do mal não se utiliza.
Em sua homenagem e à sua poesia, quem tenta este caminho, tem uma certeza, não haverá outro igual, com o verbo descomunal, pai da escrita, o senhor da letra.
Quinto Zili
Eleições
Não são eleições que mudam nossas vidas
Nossas vidas que mudam eleições
Somos políticos em essência
Ainda fazemos política sem excelência
Povos precisam de líderes
Vez por outra eles aparecem
Eleições podem trazê-los
Mas eles surgem, vem de sê-los
Votar é arte linda
Aceitar o voto do outro mais ainda
Sufrágios no bem
O eleito também
Não te queixes de quem o povo elege
Tu és povo e podes também fazer mais
Tua nação é você antes de tudo
Teu voto nunca será grito mudo
Moral elevada prescinde eleições
Evolução espiritual da mesma forma
Humildade de um verdadeiro líder
Amor maior, sem condições, retorna
Nosso Governador excelso, que a Terra conduz
Não de eleições, nem de partido precisou
Chegou lá, Quem a Deus Se provou
Sem candidato assim para votar, no comando, Jesus
Tarefa da mais antiga
Educar a si mesmo
Aos filhos nossos
Aos filhos do próximo
Professor sim educa
Ensina as lições das matérias
E os pais, as lições da moral
Sem quadro negro; pelos exemplos como tal
Educação é progresso
Avesso da perdição
No contexto da Terra
O que não falta em profusão
Esquecer o educar
Como faltar água à sêde do amor
Alimento do espírito pensante
Embrutecer da alma no exilio ignorante
Sofrimento para educar, se faltar o amor
Alento para quem consegue se dedicar
O ser que pede esse alimento
É seu irmão, não lhe negue tal provento
Almas dedicadas
Protetoras em Terra
Em a Natureza associadas
Das sementes que cada um encerra
São os semeadores, eles e elas
Nossas madrinhas do alfabeto
Como fadas, muitas, de tão belas
Que tudo ensinam em qualquer dialeto
Professoras, eles e elas até em reveses
Nas nossas infâncias nos conduziam
Foram mães uma, duas, ene vezes
Tomaram a si filhos que não conheciam
Pastoras, pastores de verdade
Das ovelhas em toda parte
Dos primários em infâncias às faculdades
Nos conduziram com fé nessa arte
De tudo nos ensinaram
A todos inspiraram
Transformaram frio da ignorância no calor do saber
Deram, se nos faltava à casa, o amor a nosso ser
Fortes ou suaves
Doces, apimentados
Alteram os sabores
Pratos requintados
Nem sempre os temperos ajudam
Mas sempre alteram o paladar
Fornecem o que o gosto mudam
Temperam o sonso, melhoram o degustar
Na vida conhecemos bons temperos
Paciência, gentileza, doçura e amor
Ingredientes bons de esmeros
Aos chefes gourmets, comida de muito sabor
Há porém quem tempere às avessas
Muita pimenta, intensidade e muito sal
Quem não tem mão boa para dosar
Cria os pratos do relacionar pelo mal
Quem prova o tempero do amor não quer outro prato
Só olhar sentimos o paladar do tempero de fino trato
Atestar o sabor deste pasto, sorver o amor é de fato
O melhor tempero entre dois , o ideal de um bom contrato
O prédio não cair
A viga não desabar
O teto a cobrir
Estrutura sobrestar
A mão que executou
O intelecto que projetou
A força que trabalhou
A estrutura suportou
Complexas ou simples
Elas moldam no suporte
Em argilas, sem requintes
Mais profundo o corte
No cerne do espírito em evolução
Na própria carne que o está a conduzir
Temos o projeto do Pai em ação
Única estrutura híbrida a existir
Tudo que existe tem sua estrutura
A Mãe Natureza, arquiteta suprema
Que nos permite haver sem ruptura
Alicerce da vida, estrutura extrema
Quando partir
A vida também irá
O corpo ficará
Sensações, tudo mais findará
Assim pensava
Chorava de pesar
Tristeza a me amparar
Contrito rogava
Onde fui parar
Que lugar é esse
Não há céu
Me cobre denso véu
Sim a vida está comigo
Mas faltam os sentidos
Meu Deus, onde vim parar
Só me resta orar
Foi assim a minha volta
Cá estou agora melhor, sem revolta
Ainda cego, mas vivo, aqui estou
É o espírito de mim que me restou
Acho que ainda vou melhorar
Mas ainda não vejo onde cheguei
Ouço tudo e pouco sinto ainda
Deve ser a volta a anunciar nova vinda
Contigo me deito
Contigo me levanto
Mestre divino e perfeito
Acolhe por amor esse meu pranto
Me sinto caído
Doído, sofrido
Me ajuda a reerguer
Mais uma vez reviver
Sei de minha culpa
Falhei feio de novo
Nem sei se mereço
De ti este apreço
Na carne falhamos
Ainda que lá buscamos
Livramento de pecados
De nossos erros gravados
Expiação e restrição
Falhar e refazer
Mestre me ajuda a compreensão
Que é meu este dever
Eu sei que consigo crescer
Mesmo neste sofrer que eu mesmo me fiz merecer
Rogo de novo que renove sempre o meu querer
A cada dia um pouco mais; Pai me faz assim crer
Paixões fazem borboletas no plexo
Medo, dor de barriga
O amor uma entrega que abriga
A compaixão, algo mais complexo
O corpo vestindo o espírito imaterial
Reage a tudo e a todos
Auras se entrelaçam em bodas
Num artesanato divino surreal
Vida é pureza e simplicidade
Da natureza recebemos o amar
Mas complicado é nosso pensar
Querer de dominar, total ansiedade
Passado se esconde das atuais jornadas
Bendito o véu do olvidamento
Lembramos apenas de algum sentimento
Insuportável seria conhecer vidas passadas
Busquemos o bem afinal de contas
Este será maior hoje e amanhã com certeza
Levemos nossas vidas hoje com mais leveza
Aos males do passado, resgates às montas
Clarear
Na cabeça a inspiração
Um lampejo
Desde lá do Tejo
Como nova iluminação
Reverente o ser
Que reluz mesmo morto
Não está mais absorto
Ver e sentir seu renascer
Tralhas ficaram para trás
Os porquês se deslindaram
Poder da mente se refaz
O passado se foi para marcar
As paisagens se aclararam
O presente já não é mais só recordar
A. Q.
Fluxo
Do corpo carne
Ao espírito alma
Tudo flui em calma
Nada em alarme
Do nada ao tudo
O olho que não vê
Como mal se crê
O pó da vida mudo
Cabe no meu entender
Foge de meu crer
A luz agora é jasmim
Foi o bálsamo do devir
Aquilo que se foi a sentir
Quando alguém ouviu a mim
A. Q.
Arte por Francesca, 8 anos

Namorados
A figura de pombinhos aos pares
De corações entrelaçados
Alianças de bodas nos lares
Tons vermelhos abençoados
Imaginário estimulante
À guisa de cerimonial
Corpos desejantes
Espíritos em comunhão passional
Os namorados
E os enamorados também
Elos quase intocados
Parecem que vem do além
Às vezes só paixões
Bom quando transmutam em amor
Do sexo passam pela dor
No fim o amor doma corações
O fogo dos namorados
Fervor dos amantes afora
Resignação dos denegados
Amor que venceu o depois sem se perder no agora
Quinto Zili
Simples
Todo estudo em andamento
Farto e dedicado
Uso da mente
Clarear do conhecimento
Dá trabalho fazer
Pesquisar a fundo
Meses e anos às vezes
Controlar resultados revezes
Começar complexo e intrincado
Distinguir teses de realidades
Hipóteses caem ou viram verdades
Intuição vem como recado
Depois da transpiração
Benvinda a inspiração
Resulta o simples como solução
Para criar o óbvio à população
São assim os inventos
As descobertas viram até luxo
Tornam a vida mais simples
Embora o caminho seja árduo fluxo
Simples vale lembrar como é o bem
É o que se opera pelo amor
Como a providência da caridade
Como tudo de valor na vida em verdade
Quinto Zili
Doce
Como a mão de uma mãe
Sua voz e seu colo
Como bendito fosse
Aquele seu olhar doce
Carinho e compreensão
De sobra, de montão
Dedicação e desprender
Seu abraço querido do acolher
A mim e a todos nós
Sente-se falta delas
Singela, doce mãe e sua voz
Tudo nos representam, que belas
Até seu grito doce era
Quem não levou um relho da fera
Que tudo fazia pela sua cria
Até mesmo o que não queria
É doce como a natureza
Sensata e paciente
Onipresente
Nos escuta os sentimentos e a tristeza
Minha e tua doce mãe
Nossas doces candeias
Nos deram a luz
São a mão em nossa cabeça como Jesus
Quinto Zili
Gratidão
A minha mão, se toca a sua
Se meus olhos cruzam com os seus
Nossos sentimentos se misturam
Os pensamentos se encontrarão
A figura se formará uma só
Um conjunto se estabelecendo
No mesmo diapasão
Uma canção harmoniosa acontecendo
Quando gratidão nos inunda
O corpo e a alma transpiram
Exalando um suor de amor
A dor que se sentia perdeu a cor
O matiz escuro do sofrer
Migrou, perdeu o tom da amargura
Mágoa escoou e abriu espaço
O ser recriou a aura em fino traço
Gratidão abrange todo o ser
Completude maior que o ter
Amplitude dos sentidos que acolhe e bendiz
Entrega no agradecer, o diploma do amor ao aprendiz
Quinto Zili
Nossos pais
Meus queridos grandes amigos
E seus queridos pais
Quanto tempo se passou
Como eles foram especiais
Do mais velho entre nós
Nosso querido Baurú e seu Miranda
Ele nos foi um exemplo de albatroz
Ele dizia enquanto entre nós
Respeitem sua velha, ela quem manda
Tragam o pão da casa com garra
Sejam pais fortes e respeitem a farra
Do grande amigo Marcão e seu Jamil
Cuja gargalhada é quase a mesma, digo
Hoje ela soa da garganta do amigo
Seu Jamil olhava e falava como O engenheiro civil
Esteve presente naquela salona na Paulista
Onde juntos estudamos em prol de conquista
Seríamos melhores, esses pais nos diziam como pista
E seu José, do nosso querido amigo Goes
Quanto carinho aquele pai dedicou a nós
Seus sanduíches alimentaram nossas famintas almas
Quanta fome naquele quarto da edícula compartilhamos
Quanta vida ali passada enquanto estudamos
Às vezes simplesmente cantávamos para disfarçar
Relaxando, mas suportados por pais a nos amparar
Do meu querido pai Octavio
Sei que vocês tem poucas lembranças
Era o mais velho dos pais heranças
Aquele que nos olhava apenas à distância
Mas cá entre nós, amigos e hoje pais
Também somos muito do que nossos pais foram
Cada um de nós herdou bons princípios
Que deles nos brotaram como benefícios
Rendamos homenagens a nossos amados pais
Lembremos com emoções puras e sinceras
Não se tratam apenas de pobres quimeras
O que nos legaram, caros engenheiros, é concreto demais
Quinto Zili
Pouco escrevi sobre meu pai
Mas muito guardo de sua lembrança
Moral e a ética que não me trai
Me deixou nobre e cristã herança
Tenho orgulho de seu filho ser
É espírito humilde e de valor
Meu pai deixou em mim um querer
Ser homem de bem, no coração amor
Não se foi cedo ou tarde
Seu último suspiro foi leve
Nunca foi de fazer alarde
Sua aura devia ser branca como neve
Em mais um dia dos pais
Em que já venho como avô depor
Que todo pai não esqueça de seu filho jamais
Para não ser olvidado quando um dia se for
Preces para meu querido pai Octavio
Que esteja por perto da amada Yolanda
Esse querido par de meu querido amor
Me ensinaram a ver na dor também valor
Quinto Zili
Riscos
O risco de vida que leva à morte é mais vivo e presente do que percebe a mente no ser.
Morte como passagem, toda a vida no risco de viver.
Se morrer é todo dia um pouco, viver também é o risco de deixar de ser.
Quando a vida é só um risco, a morte não é um traço. Se a vida é só um traço o risco de morte acaba em laço.
Traçar a vida sem risco sem rabiscar a morte.
Quando correr o risco pode ser mais fácil que traçar a vida sem risco sendo forte.
A linha da vida é melhor do que o risco da morte. No traço sem risco falta no ser o norte.
Alinhar a vida sem pensar no risco da morte e traçar no pensamento que o risco de vida é grande comparado com a linha da sorte.
“O traçado da vida é o risco de viver, alinhando o traço do ser sem medo de morrer.“
Quinto Zili
Cansaço
Por que ele bate tão forte na gente
Às vezes é difícil entender como pode
Tanta madorra
Tanto bode
Por principio, se você está em forma
Deveria ter bastante pique
No entanto o que se sente
O corpo apaga sem nenhum clique
Excessos provocam cansaço
Falta de atividades também
O corpo bem condicionado
É o que em geral faz bem
Para assim poder ser
É preciso ter vontade
Por que então padecer
Basta a ti mesmo, ter caridade
Ajuda teu corpo com mais carinho
Melhor sem vaidade
Pensa que ele mesmo nada resolve sozinho
Cansaço é para quem perdeu a vontade
Quinto Zili
Tempestades
Tempos difíceis quando despenca o céu
Tormentas da natureza sem véu
Arrebatamentos das águas e ventos
Tempestades provocam desalentos
De tempos em tempos
Uma catástrofe pode acontecer
Sem preparo adequado
Não se entende o perecer
Quando os ventos eclodem
Se vê a fúria da natureza
Tempestade arruína
Tudo que pode extermina
A varredura evoca nosso Deus
Porque tantos estão a padecer
Sabedoria e amor que reconstruirá
Reerguem-se cenários, tudo renascerá
Como a tempestade moral
Varrem-se preconceitos e demências
Aplacam-se defeitos e más tendências
Soergue-se o ser renovado no amor real
Jesus foi a tempestade do bem sobre o mal
Varreu maus pensamentos
Deixou reais ensinamentos
Ao ser humano, ao ser espiritual
Quinto Zili
Compromisso
Parar e pensar; compromisso; qual o maior, o principal, o essencial.
Não é com a sociedade.
Não com o outro.
Não com o trabalho.
Não com o tempo, nem com a agenda.
É consigo mesmo pois é com Deus e com Jesus, Quem mesmo nos afirmou isso , de que somos Deus em essência.
Compromisso e comprometimento, bons e complementares.
O universo não caminha sem essa engrenagem. Ou roda em falso por assim dizer. Cada um de nós entendendo sua importância no contexto e sabendo que não chegaremos a lugar nenhum sem nos ajudarmos todos.
Não há uma só alma que será deixada para traz.
Entendimento e compreensão são as bases do grande compromisso coletivo, esse mais intenso, além do individual.
Te compromete a pensar desse jeito. Quem sabe tudo não melhora.
Amar o próximo como a ti mesmo e a Deus acima de tudo.
Fiquemos em Deus
Quinto Zili
Convívio, relacionamento Comportamentos do ser Em todo tempo De cedo ao anoitecer O que se diz por aí E o que se ouve falar Faz sentido a ti Me remete também a pensar Os fatos que se conta e se escuta E isso vira e repete Que entre dois é permuta Um só, tête à tête Se séria é conselho Se branda é ajuda Mas se for como relho É conversa muda Falar e ouvir é bem natural Espontâneo aos corpos afinados Parece coisa material Mas é o espírito, a reter significados
Crescer
Almejar a felicidade
Pungir a dor
Contemplar a totalidade
Plenitude de valor
Conquistando e evoluindo
Assim queremos ser no crescer
Vivendo no conforto
Desfrutando do bem absorto
Contradição elementar
As provas que buscamos
Antes de aqui chegar
É a evolução da qual vislumbramos
Sem dor será difícil crescer
Sem adaptações quase impossível
Melhor caminho requer dedicação
Ajudas de bons amigos essencial então
Turvam-se as vistas do espírito
Embasbacam-se nossas premissas
Perdemos o rumo, deixamos seguir
Nossa correção virá no porvir
Acertar o prumo
Virá por certeza o rumo
Gastar mal o livre arbítrio
Retomar o eixo será com atrito
Quinto Zili
Frutos
Rebentos da natureza
Ofertas de Deus, caridade
Eles nos alimentam
Além da necessidade
A essência dos frutos
Com tudo que se oferece da terra
Vem com o fluido
A água, o meio que os encerra
Linhagem é a essência
Do que cada um pode ser
Cada árvore guarda do que ter
Maça não é tomate por excelência
Do ventre pode-se o mesmo afirmar
Mas é da matéria que se pode falar
Cada alma ser espiritual
Legado de Deus, cada ser universal
Quinto Zili
Luxo
Pode parecer exagero
E mero supérfluo
O luxo como tempero
O contraponto do lixo
Sofisticar e ousar
Às vezes foi preciso
Para diferenciar
O apagado do elísio
Demonstrar na aparência
Pode ser necessário
Às vistas impressionar
O peixe vender sem o precário
Não foi esse o luxo de Jesus
O impusemos o lixo na cruz
Mas o que Ele veio nos trazer
Nada tinha a ver com esse tipo de crer
Ele nos trouxe sim o maior luxo
Nos mostrou Deus verdadeiro
Em todos os sentidos, no total fluxo
Até a beleza no significado daquele madeiro
Só nós mesmos que não fomos capazes
De entender o que o luxo para o Mestre representava
Fomos ignorantes pertinazes
Olhamos o exterior, menos o que realmente importava
Quinto Zili
Púlpito
Acima do povo se encerra
Majestoso, ao orador donde se falar
Dizer maravilhas a seu público
Fazendo todos calar
Odes e provérbios
Estrofes e discursos emocionantes
Orgulhos da palavra
Pungindo tudo que veio antes
Público muito atento
Parecia um sábio a se expressar
Quase nada de entendimento
Palmas soaram ao terminar
Assim são os púlpitos
Públicos e impressionantes
Por si só tocam os súditos
Sabem que lá o orador será sempre marcante
Jesus porém não ia a púlpito nenhum
Pregou mesmo ao rés do chão
Falava sempre ao povão
Pareceu como Deus se passando por ser comum
Oi Evany, hoje estive aqui
Feliz em te ver como a vi
Como você está bem
Como sua vida segue bem e além
Sim, você foi além das provas
Superou as expiações
Venceu seus resgates com sobras
Teu espírito distribuiu perdões
Assim é você minha querida
Que também me criou como filho
Minha irmã nesta vida
Que linda! Que vingaste em brilho
Tens muita sensibilidade
Nossos pais enxergaram bem isso
E o Chico te ajudou em verdade
E venceste até o corpo enfermiço
Teus mentores se alegram
Nossa família também
Todos que hoje te cuidam
Terão as recompensas que convém
Sorte
Ganhar ou perder, dinheiro na certa
Apostar pouco ou apostar muito
Vício ou não, tentativa esperta
Atalho pedido, desejo fortuito
Te enganas saber do desejo maior
Pedes com o empenho de motivo justo
Precisas da ajuda que venha superior
Para realizar promessas de mais alto custo
De verdade o que queres é folga da vida
Que caia do céu o premio geral
E exorta que vai se manter na sua lida
De humilde ricaço, não demonstrando tal
Bem entende o Pai que tu pedes errado
Teu desejo te distrai de teu melhor caminho
Mas com a tua insistência tomas cuidado
Sorte ou azar, porás tua vida em definho
Quinto Zili
157
Poema para minha filha
Querida pequena, doce boneca minha
Nasceu do amor, feita bela princesa
Chorou de bebê, nasceu pequenina
No ventre da mãe era chama acesa
A vida nos trouxe você a nossos braços
Pra cuidar e velar, educar pra crescer
Veio ao mundo por nós pra guiarmos seus passos
De filhinha bondosa, olhos verdes de ver
Nosso amor é imenso por teu existir
Trouxe mais compreensão entre nós, podes crer
Todo dia é surpresa, conviver, te sentir
Temos toda certeza, teu futuro é crescer
Nos faz bem repetir, olhos verdes chegou
Com furinho no queixo, chama nossa atenção
Faz estrela e pula, uma artista em ação
Seus desenhos, que poesia, você mesmo os cria
Trouxe muita pureza para o meu coração
Será sempre a filha de nossa paixão
Cara Francesca, la nostra principessa.
Quinto Zili
153
Lixo mental II
Nosso lixo mental sortido
Variamos os temas, sofisticamos
Além do agir errado
Por traz muito pensamento fermentamos
Tudo vai bem num belo dia
Então vem o apelo por mais um querer
Bastava continuar no vigiar que havia
Não frustrar, inquietar, nem rondar a agonia
Incompleto ou repleto, passamos viver
De um momento a outro tensão do nada
Vislumbrar um querer, criar o temer
O só ser agora, não satisfaz a jornada
Pensar por pensar é bobeira na certa
Fosse assim, melhor seria nada fazer
Criar fantasia embaça a alma desperta
O lixo criamos na mente, no ser
Lixo mental não é só o do mal
Muito sonhar à toa deixa o mesmo resíduo
Pensamento do bem sem trabalho braçal
Vira entulho também ao nosso indivíduo
Muito lixo mental, maior que o material.
Psicosfera poluída.
152
Lixo mental
Pensamento solto, elo frágil
Ideias tolas, vigília quebrada
Não tolera o serpenteio
Mente que opera contaminada
Entre espasmos de saúde
Uma e outra pincelada
Leva e traz revolta amiúde
Já no ódio foi tragada
Superar o fel da ira
Suportar pressão demasiada
Quase chama, fogo em pira
Quebra o lacre, explosão deflagrada
Se não te agrada estes versos
Faz de conta que não é contigo
Sofre e clama por gestos reversos
Do algoz que parece inimigo
Triste mote deste pensamento
Que é tóxico e insuportável convívio
Falta a via do saudável alento
Lixo mental destruir para o alívio
151
Costumes
O hábito faz o monge
Ditos, provérbios, costumes à tona
Andando se vai ao longe
Quem tem boca vai a Roma
Para ser feliz não precisa muito
Para muitos basta pouco, só o dinheiro
Para poucos só o amor como intuito
Para a maioria falta tudo, o tempo inteiro
Hábito se cria como o acontecer
Força se espalha ao envolver da alma
Quando ela mergulha no rio do saber
Que a leva fora dos costumes com calma
Alvoroço da descoberta
Os costumes bloqueavam tudo
Criou-se o caos na mente aberta
Abriu-se o lacre, novo conteúdo
Afinal porque toda essa mudança
Sem mudar não se descobre
O que vale é a alternância
Pois que um rico um dia vira pobre
Quinto Zili
Escolhas
O céu escolhe o mar no horizonte
As estrelas escolhem o céu no infinito
Nossos pés escolhem o chão rasante
Nossa mente o saber, o mais bonito
Criança prefere a mãe logo que nasce
A mãe dá leite ao filho, do próprio peito
Pai e mãe se escolhem e vem o enlace
Família monta a casa do seu jeito
A gente escolhe um deus que imaginamos
No bem um velhinho como um Noel
No mal um bruto com quem nos estranhamos
E a vida nos mostra o real sem o véu
Que Deus, o Único, também te escolheu
Te criou e Te deu todas as oportunidades
Escolhestes umas boas, outras nem mexeu
Recolhe os bons frutos e deixa as maldades
Acolhe e não escolhe de agora em diante
Faz o que o Cristo deixou em exemplo
Não perdes mais tempo ficando distante
Melhor das escolhas, o amor como templo
Quinto Zili
Sujeira
A Mãe Natureza reclama
O Pai Moral nos reprova
Sujeira material se derrama
Lixo mental nos estorva
Tudo isso é o que fazemos
Por nossas mãos e almas mesmas
Sem limites do que podemos
Ruir e alcançar situações extremas
Quase sem retorno na destruição da Terra
Abalo moral não tem ficado pra traz
É certo que hoje somos melhores e menos guerras
Porém batalhas muito que hoje se faz
Muitas chagas expostas no claro e no escuro
As feridas abertas vão se purgando
Um mar de sofrer, violência e ódio puro
Mãe Natureza e Pai Celestial só observando
Nosso arbítrio é nossa lei contra o lixo
Sujeira são cavacos da forja do ser
Poluímos a Terra com largo capricho
Nossas almas se depuram no próprio crescer
Quinto Zili
Tontices
Quando se tem pouco a fazer
Vagos pensamentos
Falsos sonhos se ter
Aviltamentos
Descuidos, desleixos em pilha
Formam a armadilha
Cuidado, há perigo no ar
Na curva poderás capotar
Nossas tontices são muitas
Qualquer relaxar
Total descuidar
Ameaças fortuitas
Forçar a melhor conduta
Parece piegas
Mas se resoluta
Assim não te entregas
Quinto Zili
Nada mesmo
Às vezes nos percebemos como imperceptíveis seres no universo. Olhamos o céu à noite e enxergamos uma imensidão de escuro pilhado de outros mundos e vem uma noção de insignificância , de pequenez , de um não ser nada. Nada mesmo. Um nada no meio de um tudo.
Isso porque ainda achamos que o único planeta habitado e com gente inteligente é a Terra.
E quando pensamos na vastidão dos mundos também vem essa sensação de atraso no tempo. Ainda matamos para comer. Matamos também por ódio e por vingança. Produzimos guerras. O único planeta habitado no universo destrói sua própria natureza para sobreviver. Quanta demonstração de inteligência… Que adianta a filosofia sobre as galáxias se estamos acabando com a própria água e onde crianças morrem de fome e pela violência.
Nada mesmo. Somos nada e ainda nos falta humildade para reconhecer.
Mas temos solução e salvação. A consciência nos trará o caminho e devemos educar nossos filhos para isso. E tudo mudará. A única verdade.
Quinto Zili
Nada
Ao universo estelar lançamos olhar profundo
Ou ao fundo de nosso corpo mergulhamos
Tentamos entender todo esse vasto mundo
Buscamos compreender como funcionamos
Tudo está de frente à nossa cara
Podemos tocar muita coisa até mesmo
No entanto o amor ainda é coisa rara
Porque nada sabemos e falseamos à esmo
Queremos ter todas provas na vida
De onde termina o fim do mundo
De onde viemos para essa lida
Mas ainda o nada é mistério fecundo
Certeza só há mesmo de morrer todo dia
Nascer, renascer é tarefa diária
Entendermos o todo, prova que irradia
Nada saber de outras vidas na teia planetária
Tudo ou nada é dilema eterno
Saber o não saber eis a questão
Só o que é certo é que sem amor fraterno
Longe de Deus estaremos então
Quinto Zili
Haveres
Escrituras
Objetos
Dinheiros
Haveres
Seres que os acumulam em abundância
Tédio e intolerância
Preocupação do ter
Esquecimento do ser
Haveres materiais
Sem dúvida importantes
Mas o quanto necessário
Um porquê lendário
Quem os tem e se apega
O mesmo quem não os tem e não os nega
Sofre quem tem muito mas quer mais
Pena quem tem pouco e luta demais
Haveres e só prazeres de quantidade
Mundana concepção
Inverso da caridade como qualidade
Único caminho da salvação
Quinto Zili
Se, Mas
Aquilo que não deu certo
Que mudou sem direção
Avisado foi ao esperto
Alterou-se o então
Se tivesse acertado parelho
Se fosse feito de outro jeito
Pudesse ter seguido o conselho
O resultado fosse melhor proveito
O Se e o Mas, por vezes, são dementais
Condições externas desleais
Um tanto artificiais
Que nos impomos demais
Nota que para tudo temos um Se
Percebe que também exigimos o Mas blasé
Quando não achamos desculpas boas
Fácil colocarmos os pés em duas canoas
Duvidar é bom, faz bem
Melhor seria só contestar o mal
Fugir dele quando se disfarça de bem
Quando o Se é útil para enxergar além
Quinto Zili
435
Chuva
Molhada de água
De neve ou de granizo
Tempestades
Ou chuvisco improviso
Então não se sabe
Quando vem ou vai
Mas há quem estude
Poder antecipar, uai
A chuva traz de volta frio
A água evaporada que já foi chovida
Tudo que no tempo se transforma em rio
Nossa existência enriquecida
Esse fenômeno da natureza
Nos salva de tragédias fatais
Secas e desertos só seriam
Cidades em que hoje morais
Quinto Zili
Diabo
Pior fantasia do homem
Alegoria da destruição
Que o ser humano veste
Quanto e quando quer parecer a peste
Pintam o diabo de vermelho
Quem ele é, o macabro
Onde mora e tal
Longe da casa moral
Fetiches e basbaques
Ignóbeis retoques
Quanto mais o retratam
Menos se faz destruí-lo
No fundo é o mal
Fantasiado de tudo
Passa por bom, por amigo
Deixa o rastro sempre de perigo
Espanta crianças, moços e velhos
Existe forte em nossa imaginação
Como figura e ser nada é
Mas como possibilidade é tudo até
Se o diabo fosse só o que pintamos
O bem já o teria vencido
É pior, mais forte, pelo fel movido
Feito do mal que nós mesmos praticamos
Quinto Zili

Passarada
Amanhecer
Cantos
Acordar e crer
Bem-te-vi
Bem-te-vi
Também canários
Outros cantos ouvi
É a natureza que vive
Acordando o homem
Todo dia se repetindo
Incansável, como é lindo
Bem-te-vi, Bem-te-vi
Todos os dias estamos aqui
Assim Deus nos chama à vida crer
Com música e um Sol para cada ser
E a luz sempre é trazida
Há cheiros de mato e vida
Contemplar a grande oportunidade
De sentirmos o Pai em nossa identidade
Quinto Zili
434
Segurança
Respira fundo
Pede paz
Pede o mundo
O universo traz
Conspira a teu favor
O que focas na respiração
Te traz o bem, não a dor
Te faz melhor em inspiração
Inspira saúde entrar
Expira doença sair
Mentaliza paz encontrar
Mentaliza o medo expelir
Foco, desejo e meditação
Amizade, segurança e amor
Sentindo plenitude e compaixão
Afastando orgulho e a dor
Quinto Zili
Sentir
Estou aqui
Às vezes podes me sentir
Quem sou não importa
Nem tampouco porque abriu-se a porta
Cada qual segue o seu
Não releva quem seja
Mas deve ser pelo bem
De fato o bem que se almeja
O pensar é nossa união
Sem saber é fio de comunicação
Sentir é ainda mais
Quase trocar nossos sais
Misericórdia divina nos religa
Aqui volto em missão
Tropeços mútuos e fadiga
Nossos espíritos em comunhão
Deus supremo assim permite
Que se pague, se quite
Com o bem da ajuda limite
Nada mais separa o que é bom alvitre
Quinto Zili
Peste
Forte expressão
Dá medo e dor
Pragas e sofridão
Traz mau cheiro e fedor
E não só ser física
Também se referir à moral
Corrupção de ambas
Assolam feito ondas
Peste já é palavra feia
Fugir dela que se esconde
Tem pernas e braços longos
Um abraço sem saber de onde
Mas temos melhor visão
Os espíritos nos trouxeram explicação
Doutrina reveladora, provedora
Consertos maiores vem como prova expiadora
Se é coletiva uma peste é solução
Nada é casual
Tudo tem relação
Em verdade tudo é causal
Doutrina trazida pelos Espíritos de Luz
Com Kardec, maestro a codificar
Nos cabe muito agora estudar
É caminho aberto até Jesus
Quinto Zili
Distância
Daqui até ali
Um espaço
Esquece o tempo
Tudo é relativo
Do que falamos
Distância material
Ou moral
Foquemos na distal Continuar lendo
Sujeira
Porcarias
Besteiras
Nojeiras
E tudo de sujeiras
Diferente de nogueiras
Cerejeiras
Abacateiros
E todos os fruteiros
Dizer que sujeira é ruim encontrar
Ruim é o que não se pode arrumar
Da sujeira resta limpá-la
Trabalhar para aplacá-la
Quem gosta de sujeira
Não conhece o outro lado
Vive em situação precária
Padece de porca indumentária
Olheiras combinam com sujeiras
Tristeza e pura aspereza
Mágoas de si mesmo e de mais gente
Conferem ao sujo seu pendão de demente
Ora então, sai sujeira
Não te quero para mim
Não te quero no mundo
E ajudo a qualquer um a limpá-la até o fundo
Quinto Zili
Tudo
Sem dúvida é uma vida feliz e importante a que vivemos.
Sem sombra de dúvida poder amar e ser amado é uma sensação inalienável.
E sem a menor dúvida conhecer o universo, suas leis e crer em Deus é a marca do ser humano pleno.
A possibilidade simples de sermos todos irmãos movimenta por si só um complexo sistema de equilíbrio que ainda não aquilatamos. E de sermos um só nesse Deus é entendimento mais difícil para nós. Mas estamos cada vez mais próximos de perceber que tudo que fazemos e sentimos em relação ao próximo estamos por realizar em nós mesmos e talvez essa sustentabilidade do cosmo universal percebida dentro de nós nos abra a visão dos mundos. Não só nossa curiosidade mas a necessidade nos trará as percepções necessárias.
Deus maior de tudo e de todos.
Quinto Zili
Bençãos
Somos apaixonados pelos santos e santidades e buscamos suas bênçãos a todo momento e por todos os motivos.
Mas se Deus está em nós e somos seus frutos e Jesus nos afirmou dessa maneira, teríamos que mais abençoar do que as pedi-las.
Paradoxo ou não nos falta fé nessa paixão viciada. Nos falta atitude. O bem e o amor já deveriam ter produzido seus efeitos em nós.
A falta de vontade e coragem de entender o amor e o bem nos vem da preguiça espiritual e é marca de nosso corpo carnal que se finge de vítima de si próprio.
Abençoemos com fé e humildade e nos livremos das paixões insanas buscando a vivência do bem e do amor.
Jesus nos ilumine.
DEUS Pai nos abençoe, seus filhos.
Quinto Zili
Cozinha
Alimentação é o mais ancestral de nossos hábitos. Cozido ou crú, comemos desde sempre.
A agregação maior entre nós se deveu à criação dos espaços arquitetônicos, engenheirísticos e prazerosos da cozinha.
Queira ou não, evolução entre nós ou não, o fato é que o que mais une as pessoas e dentro das famílias é o hábito de cozinhar e comer juntos.
Os gourmets então, nem se fale. Como parecem ser cada vez mais desenvolvidos estes especialistas.
Mas o que podemos dizer é que em planetas verdadeiramente mais evoluídos a alimentação é frugal e mesmo etérea e o que une as pessoas é o convívio sincero, amoroso e fraterno. Em torno de temas os mais diversos, menos o cozinhar e comer.
Então!
Como transmutar essas nossas premências, hoje de sobrevivência, para uma vivência sobre e além das necessidades básicas?
Sublimar pelo amor e aprender com os ensinamentos de Jesus.
Quinto Zili
Apreço
Tal como carinho e amor, apreço é do time dos bons sentimentos.
Por alguém ou algo, é como ter uma dedicação especial. Se envolver e querer ter uma relação.
Então acabamos por nos sentir próximos e isso nos faz bem.
Porque não termos esse sentimento por tudo e todos pode ser a chave do futuro de cada um de nós.
Temos ensinamentos de sobra para nos tornarmos essas pessoas como Jesus e seus apóstolos.
Porque é tão difícil? Porque colocamos outros sentimentos antes do mínimo apreço? Admirar sem invejar é difícil? Olhar sem desejo de posse é complicado? Respeitar o sentimento e a situação do outro pela empatia, mais difícil ainda? E ouvir o outro sem julgar, impossível?
No mais das vezes somos apenas simpáticos e isso menos resolve.
Voltemos ao nosso jardim de infância e tentemos os sentimentos puros. Fazer o outro feliz porque estamos apenas brincando juntos e também ficamos felizes. Isso já bastaria para um excelente recomeço.
Recomecemos amigos.
Quinto Zili
Sonolência
Muitas pessoas estão sofrendo de um mal estranho trazido pelos excessos.
Caem em prostração e ficam anestesiadas. Baixa produtividade, impaciência, irritabilidade e momentos de torpor e sono aparecem do nada.
Não são doentes, mas padecem e seu viço cai assim como contraponto do feérico ritmo que levam amiúde.
Pura falta de organização e prioridades com perda do senso maior de aprumo espiritual. A sanha da carne, da matéria, irrefreável, tem sido extrapolada pelos estímulos das novidades tecnológicas e dos apelos constantes aos impulsos do consumo. Estratégias de fomento aos nossos sentidos do prazer efêmero se sustentam muito facilmente contrariamente ao que deveria ser feito que seria o relaxamento e a distensão de nossos centros de força e de comando, para o descansar combatendo o sono na hora errada.
Temos que retomar o comando de nós mesmos. Só isso!
Quinto Zili
Olhar
Que não seja um pedido falado
Ou gestual atado
Acaso não atenderás tal pleito
Movido pelo olhar tem maior efeito
Profundo
Carente
Sem palavras e eloquente
Olhar ardente
E o teu olhar
O que dirá
Chorarás em agonia
Ou te moverás o corpo em sintonia
Correspondido um olhar
Entendido o problema
Passemos à solução do tema
Ajudar e fazer melhorar
Compaixão no olhar
Não é ter pena nem dó
É na verdade não pilhar
Nem fazer da caridade um nó
Quinto Zili
Gentilezas
Podemos, se queremos, demonstrar e sermos gentis
Quando nos convém, no mais das vezes fazer
A pureza de um gesto, vem de dentro se diz
E não adianta só trejeito, se só demonstras teu não querer
Ser verdadeiro é traço da atitude respeitosa
O homem bom, a todo momento, pode educado ser
Se sente bem a testar suas reações a toda prova
E não se desgasta ao transformar furacão em simples brisa
Queira ou não temos dificuldades em demonstrar brandura que ameniza
Podemos mais no esforço da boa vontade
Há de um dia chegar nossos movimentos serão só ternura
Que logo chegue então junto com a leal bondade
Luzes para todos
Quinto Zili
Mãe querida
Quantas vezes depois de sua partida chorei de saudade.
Da falta do seu carinho e de sua bondade.
Como era tranquilo todo o meu dia.
Pois sabia que ao chegar em casa, sua acolhida sempre teria.
Seu beijo, sua benção, suas mãos macias e quentes me tocando o rosto.
Me dizendo sempre palavras de bom gosto.
Queria mãe, voltar no tempo.
Bem criança me lembro, as dorzinhas de barriga que às vezes eram só medos que você pacientemente me ajudava e fazia a enfrentar com um toque, sempre que me benzia.
Bastava um gemido e seu olhar me acalmava.
No frio seu calor é que me acalentava.
Papai impunha e você encobria.
Mas também era dura porém sempre com brandura.
A coisa melhor da vida, é lembrar da mãe querida.
Não acredito que um ser possa ser indiferente.
Não crer na magia que isso carrega em nossa mente.
Te amo minha mãe e que todas como você e tua fé, sejam abençoadas por Maria de Nazaré.
Quinto Zili
Bondade
Avultam seres de dureza
Corações empedernidos
Vilões de cruel aspereza
Quais parecem elegidos
No ar no entanto
Sempre sopra uma brisa
Bafejar do divino encanto
Própria Natureza organiza
Por traz de tudo que existe
A mão superior a guiar Continuar lendo