Hoje se comemora Se descansa Ou se trabalha Mais um dia na batalha Dia que se celebra o trabalho Das almas o alimento Do corpo o talho Sem ele sobra sofrimento Se Deus com ele nos presenteou Ninguém há de nos tirar Foi como Jesus aqui semeou Do suor do corpo ao espírito elevar
Prece
Poemeu, Poenosso
Amor Doação e carinho Sabor Amor Ciúme e posse Dissabor Cristo Perdão e caridade Passaporte com visto Egoísmo Flagelo Humanidade em abismo Deus, Pai nosso Todo amor Meu é Vosso 848
Erros
Há de todos tipos e formas De naturezas diferentes E os além das normas Há erros surpreendentes Os piores, os morais Por trás de todos os materiais Do ser humano incompleto De falhas e vícios repleto Sem preciso erros enumerar Nem tampouco os classificar Só um jeito de se melhorar Seguir Jesus e seus hábitos praticar 1249
Mancha
Como a minha Como a tua No corpo tinha Na alma nua Mancha aparente Mancha oculta Se não as vemos, estão na mente Nossos sentimentos de culpa Na roupa fácil sai Só lavar Na alma vai Nos acompanhar Um dia chega então Se limpa a mancha de vez Usando o sabão do perdão Em nós mesmos ou a quem mal nos fez 810
Atitude
Não sem preocupação Independente da ocasião De preferência com educação O que se espera é nossa ação Termos atitude é necessário Há muitos e diferentes momentos Ainda que em meio precário Quando se evitarão maiores tormentos Que seja no bem E para o bem Que o exemplo seja bondade Em atitude de caridade Seguir o Mestre Jesus em sua fala E segui-lo na ação em plenitude Pois que Ele nos espera aplicá-la Que busquemos replicar Sua boa atitude 1120
Meu neto Léo
O Gábi já anunciava quem seria Com ele colocava a prosa em dia Nos contou durante toda a gravidez Chamá-lo de Léo, desde o começo o fez Hoje cedo brotou com sua carinha Diferente do mano, dá para perceber Pouquinho mais alto, mas peso em linha Lembra a mãe e como o pai vai crescer Agora o lar estará mais completo E a casa cresceu, foi na Granja ancorar O espaço ideal sob um lindo teto Onde irão crescer, viver e morar Seja bem-vindo nosso querido Léo Te abençoam Vovô Dedé e Vovó Mel Vovô Boris e Vovó Cid também Avós de coração Pati e Odi amém A benção dos tios Laura e Guilherme a brilhar Te ajudarão na vida e a te guiar Amor de Marcela mãe te iluminará Amor de Julian pai sempre te acolherá 28/11/2020
O aroma do bolo
Lá pelas tantas, nos finais de tarde Entre as atividades da infância Hoje me vem doce lembrança, sem alarde O aroma do bolo da mãe, seu carinho em fragrância Assim que me vem à mente Com sabores de laranja, chocolate ou cenoura E ao coração que vai sorridente Bolha de recordação de amor que estoura Cheiros dos beijos e de seus abraços As mãos quentes a me acarinhar Foram construídos lindos laços O aroma do bolo para sempre vou lembrar 1414
Consciência
Jesus é negro Jesus é branco Jesus é puro amor Amor não tem cor Diferenças existem Nada justificam Quando os bons se omitem Os maus se habilitam Nem credo, raça ou cor Mulher ou homem Exclusões são pura dor Vícios que nos consomem
JESUS
Disse um homem uma vez Fora da caridade, salvação não teremos E há muito tempo se fez E dele nunca mais nos esqueceremos São dele as sandálias da humildade É dele a tradução da palavra amor O exemplo pleno, fiel e total da verdade A ação que marcou a Terra para a eternidade O único filho adulto do Pai O primogênito entre nós Aquele que se transformou em igual Voltou para nos ensinar a vida no plano carnal Que bondade maior pode existir Quem terá moral para com ele discutir O Espírito da Verdade A alma mais pura da humanidade 1151
Morte
Certo é que o corpo morre um pouco por dia Desde que se nasce até quando se parte A morte chega sempre e sem folia Dela nos aproximamos até com alguma arte Já o espírito esse eterno e perfectível Desde o Pai como cada um de nós foi criado Do fluido cósmico nossa quintessência sensível Reza o Pentateuco por Kardec codificado Haveremos de compreender melhor Que a vida espiritual nos é maior O corpo material nasce e vai à morte O espírito dele se desprende a seguir seu norte 1418
Fonte
Às vezes estamos longe Ou não a achamos É importante onde A fonte conheçamos Dela nos nutrimos Da água limpa Do saber sem limos A do amor, a mais pura Dessa não há como se enganar O Irmão maior Quem fez a semeadura Essa fonte veio de Deus a nos salvar Nunca secará Pelo contrário Só se expandirá 1127
Hábito
Como nos desfazermos Nos esquecermos Nos mudarmos E melhorarmos Não que um hábito seja ruim Mas alguns sim Os maus e persistentes Vícios renitentes Criar novos portanto Conservar os bons no entanto Só o viver é uma boa constante Criação divina, o hábito mais importante 1416
Crer
Com os porquês
E os comos
Quem crê
Conhece o tomo
O livro da vida
Escrito pelo Pai
A fé entendida
Nem cega, nem decai
O grande remédio
O crer na plenitude
Sem aflição, nem tédio
A alma em melhor atitude
1382
Cumida boa
Satisfeitu Cumi Bibi Du meu jeito E ocê cumpadi Buchu chêi Cumida vontadi Quili e mêi Brincanu cocê Qui nem cómi Cómi pocu vosmicê Já é um mió hómi Aqui só tem sopa Deferente de antis aí Víço de gula, ôpa Nem pensá, tem qui dele saí Cumida boa aqui mermo, só pra arma Tem dintendê cumé qui é Cumilança aqui, ninguém bati parma Mais, tenção, tem pra quem quizé Gradeçu a Deus todu poderosu Iscapei dum bão pesadelu trevosu Achei minchada e tô plantanu u bem Minha Santa du Rosário, mi ajudanu, Amém! 785
Festa
Um momento De comemoração Serve de alento Celebração É importante Que se dance e cante Fazer a festa Em atitude honesta Ter os convivas ao redor Família e amigos, o melhor Compartilhar alegrias Saudáveis arrelias Agradecer sempre ao Pai Celeste Sem exagero e desperdício que não preste Há momentos na vida também a comemorar Celebrar a própria vida é festa salutar
1167
Luz
Quanta treva há Pela Terra, pelos mundos O escuro de lá e de cá Há buracos rasos e fundos É só falta de luz Como o mal é ausência do bem Ou só tirar o capuz Da ignorância que se tem Há mais luz que pareça De dia e mesmo que anoiteça Há sóis espalhados por todos espaços Assim como o amor faz, criando laços Além da luz solar Que cega qualquer olhar Existe a moral do bem que mais reluz Do estelar filho de Deus, nosso irmão Jesus 1135
Calma
Quando tudo para Se tudo para Porque tudo para Então calma Os dias continuam Com vinte quatro horas As noites permanecem escuras Tenhamos calma Sobra tempo na verdade O mesmo que antes faltava Onde está a pressa da humanidade Por isso, calma Tudo desacelerou em realidade E a natureza manteve seu curso normal Talvez agora quebrou-se a ansiedade Ajamos com calma Qual será o retorno ao normal Do ritmo alucinante do corpo e da alma Mas a natureza não mudará e continuará igual Precisaremos aprender com ela, pensar com calma 1208
Armas
Na guerra Ou na paz Há todo tipo de armas Importa o que delas se faz Para deter o poder Crime Para o armistício exercer Redime Armas matam Intimidam Trazem dor Nunca serão solução Balas não são feitas de amor Nem de perdão 1393
Feliz
É quem consegue sua noite de sono Plena, descanso, paz É quem trabalha até o pôr do Sol sem dono Consciente de todo o bem que faz É no caminho que se encontra Felicidade não é um destino Há muito que se levar em conta Vem de Deus o ensino Como ser feliz Sem só o buscar Como o ditado que diz A borboleta é que escolhe seu pousar 1383
Ceder
Ainda que tarde
Possa parecer
Sem alarde
Alguém ter que ceder
Nós ou eles
Eu ou você
Perder
Ou ceder
Como olhar pela lente do amor
Tentar agir como Jesus agia
Aquilo que te traria a dor
Talvez fosse o bem que te faria
1379
Pendor
Certos traços Da nossa alma imperfeita Mais parecem laços De velha trama refeita Como os vícios E as más tendências Donde vem tantos resquícios Nos impregnam tantas latências O pendor de cada um Ou mesmo os vários Tem real explicação comum Livre arbítrio dos reencarnacionários 1369
Liberdade
Portas abertas Deixaram flancos no passado Como o ser questionado Julgar das mazelas encobertas Transparece aqui nosso ser O carvão virou cristal Alma virou espírito como tal Aflora o eu do agora ver Descoberta a verdadeira vida Que não se via simplesmente Os destroços da alma recolhida Liberdade antes que tardia Que aprisionou o renitente Agora a consciência que o alivia A.Q. 651
Amor
Amplitude de uma palavra Nos domínios do sentimento A caridade na origem da lavra O todo como seu complemento Do mínimo ao mais amplo O ar do aroma do campo Como em astral celestial Desde sempre elemental Nada existe sem Conserta o mal Sinônimo do bem Só o amor tem esse sinal 1321
Casamento
Foi quando aconteceu Um elo se fechou União se completou Casamento, ao namoro sucedeu São ciclos que se repetem Materiais, mas espirituais Na vida prevalecem E seguem contratuais No entanto há separações Almas em evolução, distratos são realidade E são como provações Soluções à bem da verdade 1354
Beleza
Não se põe à mesa Conta o dito popular Qual efêmera riqueza Beleza enfeita o olhar Que vem a ser Mais que a aparência O belo todos podem ter Só depende da referência O que é mais belo que o amor Que cura doenças e absorve a dor O que é mais belo que o bem Que nos trouxe Jesus e não o nega a ninguém 1345
Crise
Em tempos de crise Tentamos despista-la A não cair em deslize Buscamos contorna-la Apertam-se os cintos Refazem-se as contas Excessos são extintos Contingências ficam prontas A mente revoluciona Se adapta, cria e tenciona O impensável aparece Na crise é que se cresce
1326
Como
Assim é Desse jeito Ou depende né Mal feito ou quase perfeito É como Como é Deitado ou de pé Ou bebo ou como Que palavra boa Compara ou significa O como nunca destoa Nunca à toa, explica 1331
Aqui
Qual a dúvida então
Do lugar onde se encontra
Não haverá do aqui questão
Se soubesses do passado a monta
É sim fácil de entender
Talvez difícil de se conviver
Reencarnar traz o véu do esquecer
A oportunidade dos erros rever
Aqui é o lugar
Correto e exato
Não há do que duvidar
Ninguém está onde não devia de fato
1308
Última
Quando se espera
Na fila da vez
E a providência opera
A demora tem seus porquês
Quem chega primeiro
Tem sua razão
Tanto quanto o derradeiro
Que aguarda na última posição
Segundo nosso Mestre na bondade
O último será o primeiro
E o menor será o maior em verdade
Lições de humildade e amor verdadeiro
1305
Carta
Deixei a carta
Na cômoda
A despedida
Incômoda
Era um adeus
Sem volta
Sem nunca mais
Minha revolta
Foi difícil entender
Depois de muito sofrer
O que se deu após
Quanto tempo, que fiquei a sós
Uma vida não cabe numa carta
Nem despedidas
Extremas medidas
Para que errado se parta
Maior erro de alguém
Contra a própria vida atentar
É duro e só se percebe no além
Nada muda, morrer do corpo não vai aliviar
1126
Cedo
Acordado
Pronto, de pé
Rosto lavado
Não volto à ré
Novo dia
A vida já acordou
Isso me alivia
A morte não me levou
Não que eu dela tenha medo…
No fundo muito a respeito
Tenho medo só de dor no peito
Caso esse venha a ser o meu enredo
Hoje acordei ainda mais cedo
Gosto muito de minha vida
Realmente não tenho medo
Acredito em Deus, em Sua misericórdia sentida
1106
Tinta fresca
Aquela casinha
Bonitinha
Da vielinha
Pequenininha
Acabaram de pintar
De reformar
Nova gente vai a ocupar
Novos donos a usar
Tinta fresca, o aviso
Cuidado
Mas nada foi feito de improviso
Projeto esmerado
Minha alma também precisa
Reforma e completa pintura
A condição em que está sinaliza
Talvez até mexer na estrutura
Tinta fresca, no coração
Sincera reforma concluída
Sob nova direção
Minh’alma reerguida
1100
Mundo
O quanto conhecemos
O quanto saibamos
Por mais que imaginemos
Por mais que queiramos
O que nos é dado saber
Não só para nos entreter
Pois se há um infinito ao olhar o céu
Não há imaginação a desvendar esse véu
Há um infinito a se descobrir
Há vários mundos a se procurar
Não parece só um universo a existir
As muitas moradas do Pai a se habitar
Incontestável nossa pequenez
Se a Terra é um grão de poeira nas galáxias
O que cada ser de nós será por sua vez
Nossas relativas importâncias parecem falácias
Só há uma explicação para tudo isso
Um Deus único que rege tudo por amor
Vivemos ainda na ignorância em rebuliço
Cada um em seu mundo e com sua dor
1093
Medos
Temos nossos medos
Sim, são demasiados
Nos escorrem pelos dedos
Ficamos apavorados
Alguns nem se justificam
Outros nos mortificam
Até os sem causa aparente
Surgem de forma eloquente
Vem do inconsciente
Temos traumas dormentes
Freud ajudou destrinchando a mente
E há medos na alma muito potentes
Sempre existe uma causa raiz
É lei maior já há tanto explicada
Medos consomem o tempo e tem força motriz
Muitos vem de mais de uma vida passada
Só temos um exemplo de alma sem medos
A do filho de Deus Pai de toda luz
Nos ensinou tudo sem guardar segredos
Amor, perdão e caridade do nosso Irmão Jesus
1090
Erros
São ruins e indigestos
Do próximo e os nossos
Como atos desonestos
Nos traem os passos
Voluntários ou não
Se repetem e são muitos
Estão sempre em nosso porão
Erros medidos ou fortuitos
Que saibamos reconhecer
Quando um deles acontecer
O melhor é se arrepender
Com todos eles se aprender
1295
Poder
Quantos o querem
Poucos o tem
Injustos o auferem
Que não fazem o bem
Mas o verdadeiro
O poder essencial
É só do espírito cordeiro
A inteligência espiritual
De quem falamos
De Jesus nosso modelo
O pleno de todos humanos
O poder do amor, o máximo zelo
1293
Vinho
O mosto vivo
Alma de uma fruta
Elemento ativo
Com ele se saluta
Embriaga no exagero
Apura no tempero
Amarga se estraga
Se aproveita se vinagra
Vinho é vida
Sangue de Cristo
Metáfora entendida
Ensinamento vivo do Mestre Jesus
É o Evangelho revisto
O vinho é como o sofrer até a luz
Quinto Zili
1104
Meio
Francesca, June_2020
Sem ter o início
Não se tem o meio
Para se ter o fim
O meio é o veio
O meio é agora
Essa meia hora
O minuto dentro dela
O que o instante revela
Se o fim não justifica o meio
Mas se o meio justifica o fim
Entre nós, cada um assume a que veio
Amando o próximo, como a si mesmo enfim
Quinto Zili
1268
Faz sentido
Porque estamos assim
Tudo parecendo o fim
O mundo quase parando
Muita gente morrendo
Porque tudo isso agora acontece
Por mais que se rogue em prece
A vida para muitos perdendo o sentido
O mundo em momento perdido e sofrido
Haveremos de entender
As prerrogativas divinas
Nos caberá compreender
Porque nascendo novas rotinas
Uma verdadeira guinada
Retomada para a real jornada
Talvez uma última oportunidade
De se resolver nossa humanidade
Deus não impõe e nem quer a morte
Nem a vida é uma questão de sorte
Faz sentido o que está acontecendo
Um vírus; o Pai nos arrebanhando
Quinto Zili
1238
Aperto no coração
Dessa vez ele bateu forte
Veio no coletivo
Nem azar nem sorte
Para todos e pouco seletivo
Aperto no meu coração
No teu; nos nossos
Sem sofrimento vão
Pelo mundo rastro de destroços
Milhões de doentes
Distantes de seus parentes
Óbitos às centenas de milhares
Cenário que pasma os olhares
Aperto no coração
Tristeza e calamidade
Renasce a solidariedade
Homem na Terra em provação
Quinto Zili
1224
Fundo do Mar
Francesca, may2020
Mãos
Que dão equilíbrio
Dirigem os braços
Tateiam um livro
Nos abraços, os laços
Mexem em tudo
Fuçam, cutucam, espalham
Deslizam sobre tudo
Mãos soberanas que falham
Cumprimentam ou desprezam
Quando frias incomodam
Quentes inflamam
Juntas punem ou aprovam
Os aleijados podem não tê-las
Ou só não é possível vê-las
Deus nos cria espíritos perfectíveis
Nossos corpos, veredas susceptíveis
Mãos fazem e desfazem
Constroem
Destroem
No bem ou no mal se comprazem
Mãos refletem a alma
Fazem o que são comandadas
As de Jesus só expressavam calma
As nossas ainda precisam ser educadas
Francesca, 13yrs
1084
Avião Brasil
2020 bem se iniciava
Decolava o avião
Quase 210 milhões a bordo
Chegamos a sair do chão
Seria uma boa viagem
Pouca emoção nem vertigem
Eis que algo acontece
Uma tormenta do nada aparece
O Avião Brasil acusa pane rapidamente
Tempestade deixa a tripulação doente
Quase em velocidade de arremeter
Termina o avião no solo em arrastado sofrer
O Brasil parou de repente
Por Deus não morreu tanta gente
Pelo desastre que foi sofrido
Só restará outro avião a ser construído
Parábolas à parte
Metáforas intrigantes
Um vírus caindo aviões com arte
E um futuro melhor modificará o dantes
Quinto Zili
1206
Poucos
Na bondade
No bom coração
Na boa intenção
Na caridade
São poucos
Contam-se
Tidos como loucos
Doam-se
Caminha a humanidade
Pelos vícios à larga porta
Longe da porta estreita da humildade
Moral ainda torta
Mas chegaremos lá um dia
Como parecendo alquimia
Não necessários muitos tiros
Só a eficiência de um bom vírus
Quinto Zili
1192
Vírus
Ainda que do mal pareça
Tem seu lugar devido
Na natureza nada que aconteça
Foge do divino ideal perseguido
Um vírus não é diferente
Mutações são evoluções
Os seres em adaptações
Seguem padrão exigente
Os porquês são infinitos
Não entendemos a dinâmica ínsita
É mister de superiores conflitos
São ajustes da balança intrínseca
E tudo se dá para o bem
Nada disso é obra do mal
A colheita não libera ninguém
Vírus é meio, não o vilão letal
Os vírus nos corpos materiais
Morrem por anticorpos ou antivirais
Os vírus da alma de nós mortais
Não se curam com antialmas, só com reformas morais
Quinto Zili
1185
O Bom Conselho
Veio ao meu encontro
Se fez presente
Um tanto insistente
Mas eu não estava pronto
Por mim mesmo talvez
Me impediam o orgulho e a vaidade
Ainda não enxergava a verdade
Não o ouvia e não lhe dava a vez
E o Bom Conselho não desistia
Insistia
Quase todo dia
Porque eu fingisse que ele não existia
E então aconteceu
O Bom Conselho desapareceu
Eu não entendi mais nada
Pensei; assim é a quem Deus desagrada
Nada disso porém
Na verdade fui eu que morri
Fechei um dia os olhos e não mais abri
Só acordei muito tempo depois no além
Vaguei, vaguei e vaguei
E quando acordei havia só escuridão
Rezei, rezei e então implorei
Gritei com todas as forças do meu pulmão
Senti por fim alguém se aproximar
Tocou minha face chorosa e sofrida
Abriu meus olhos para que pudesse enxergar
Estava ali o Bom Conselho, de novo a me mostrar a vida
Quinto Zili
1180
Dinheiro
O que falta à muita gente Quase o lugar comum O quadro abrangente Às vezes sobra a outro ou um Dinheiro é essencial Para a maioria Nesta vida material O papel pintado da alegria Vindo do trabalho é conquista Justo e sem prejuízo de ninguém E porque Jesus não o põe no topo da lista Sua fortuna é o amor, não o valor do vintém Dinheiro não traz felicidade Nem a compra, nem dela nos aproxima Dar do que não sobra é prova de caridade E a sua grande falta, expiação que ensina Só é bom o dinheiro que circula Seu acúmulo é como água parada No fim dá bicho, mata e anula No plano espiritual não vale nada 1166
Folia
Quanta alegria
É carnaval
Quanta folia
Multidões brincam no plano carnal
Será que tem também no céu
Quem sabe dizer
Como se levanta o véu
É difícil de conceber
Tudo é padrão vibratório
Onde o espírito não é transitório
Parcial é a vida carnal
Por isso na Terra tem carnaval
Não há comparações
Nem semelhanças
Há alegria e tristezas em vibrações
Sintonias determinam alianças
Há quem goste do carnaval
Mas há outro tanto que não faz questão
Também não é luta do bem e do mal
No mais é não esquecer o ensinamento cristão
Quinto Zili
1160
Pati
Hoje é festa no coração da amada
Minha querida, meu amor
Mais um ano juntos na jornada
Os espinhos só protegem a flor
Você é minha poesia
A que eu não preciso escrever
É a minha doce teimosia
Meu coração bate ao teu perceber
Felicidades minha Pati linda
Vamos juntos continuar
Com nossa Francesca bem-vinda
Para nos atestar o maior amar
Te quero muito feliz
Não só hoje mas sempre
Somos um do outro aprendiz
Deus te abençoe o ser contente
Silêncio
A máxima é que é uma prece
Que por esforço se estabelece
Placas avisando e tudo mais
Por vezes ter que se pedir aos demais
Em tumultos não tem como
Só se o silêncio for interior
Que é hábito difícil no extremo
Não embarcar a mente no mundo exterior
Não é fácil para a maioria
Silêncio é como o ar que se respira
Não pode faltar a ninguém
Tampouco ser privilégio de alguém
Quinto Zili
1150
Guilherme
Oi Gui, querido filhão
Hoje é dia de tua comemoração
Dia de celebrar
Do teu nascer despertar
A vida te trouxe a nós
Teus pais em família
Recebemos teu sorriso e simpatia
Teu olhar azul de príncipe que desafia
É um trabalhador fiel
Um guerreiro de muitas batalhas
Para mim um Guilherme Tell
Sincero, íntegro e honesto, no mundo de almas falhas
Parabéns filho amado
Por este e todos anos anteriores
Desculpa o pai por ser tão calado
Que te ama quieto e sente tuas dores
Continua na busca do amor
O verdadeiro e o inteiro
Amar também é conhecer a dor
Na vida nem tudo é passageiro
Cuida do corpo e da alma
Ouve teu espírito contigo falar
Até a ansiedade encontra a calma
Mazal Tov, quero te desejar
Pai
Rua
O bom endereço
De uma boa casa
Mas pode ser só um destino
De quem não vive e a vida arrasa
Sendo rico ou sendo pobre
Cada qual tem sua rua
Com teto ou mal se cobre
Vida doce ou nua e crua
É o próprio universo
Por onde passa muita gente
A rua é do poema o verso
Rima da vida o lar ausente
Mesmo escura a rua acolhe
No fim para muitos vira solução
Sem saber do mundo ela recolhe
Quem perdeu tudo, inclusive a ilusão
Quinto Zili
1146
A couve da briga
Provocação houve
Por causa de uma couve
A mais bonita da banca
Ali começou altercação franca
Houve forte disputa
O maço era da manteiga gigante
Virou palco de quase luta
Imagine a cena de briga ofegante
Duas senhoras madames
Desceram de seus altares
Viraram velhacas infames
Como nas brigas de bares
Bastou o olhar sobre a couve bela
Uma a quis, mas a outra avançou
Inevitável, o maço se partiu na querela
Das lindas folhas pouco mesmo sobrou
Então a couve prêmio não ficou de ninguém
O dono da banca no prejuízo restou
A coitada da couve para o lixo foi também
A feira parou e as briguentas a polícia levou
Quinto Zili
1136
Querer
É vontade
É desejo
Na bondade
Ou no malfazejo
Como na margarida
Bem me quer
Mal me quer
Desprezada ou querida
Querer não é poder
Meu direito é limitado ao vosso
Só pode quem ama sem o querer
Como Jesus, irmão maior, o Filho do Pai Nosso
Quinto Zili
1105
Luxo
Falar sobre o luxo
O tal que muitos querem
Enquanto outros não tem nem pro bucho
Assim que os seres, entre si, se ferem
Ostentação ou poder
Ou só um certo luxo
À guisa do prazer de se ter
Que acaba gerando mais empuxo
Sanha e ânsia
Acumular não basta
Ouros e brilhantes em abundância
Tudo que da moral se afasta
Que dinheiro chama dinheiro, se falar
Como também é rio que corre pro mar
Quem nasce virado pra Lua
O luxo é no material que se situa
E onde fica tudo isso na nossa moral
Em nossas vidas, o lado espiritual
Se nada levamos desse luxo material
Que lá atua como peso na casa mental
Quem está à serviço do materialismo
Que quando morre requer imediatismo
Só que não, na pátria do céu, só o amor tem vez
O luxo lá não existe, onde só fica se mereceis
Quinto Zili
957
Papai Noel
F r a n c e s c a , 10
Calma
É muita pressa
Corre-corre sem parar
E cada vez mais depressa
Quase sem tempo para pensar
Hoje a vida parece que está desse jeito
Se não postou o que se viu
Então não se existiu, pois ninguém curtiu
Sem post no face ou insta, é como não se tivesse feito
Ou então é tudo urgente
Para ontem
E todo mundo virou cliente
Ou nem me contem
Ora ora, minha Nossa Senhora
Onde está a calma
Porque tanta tensão se aflora
Cadê a paz da alma
Com certeza estamos muitos de nós a confundir
Ter urgência não é tudo fazer com pressa
Ser importante não é o essencial do existir
Informação abundante não é aprender depressa
Por verdades se plantam falsidades
Leitura de tweets fakes, mas livros viram raridades
Estudar e aprender exigem calma e persistência
Internet se usa por necessidade e não por opulência
Confundir redes sociais com sermos sociais
Calma!
Quinto Zili
1091
Ceia
Hoje é dia de véspera com ceia natalina
Quando o dia brilha e a noite se ilumina
Que assim feitos nos mostram de onde vem a luz
Senão de quem, do maior, de Maria o Filho Jesus
Eis que nos emocionamos muito
Queremos ser diferentes, mesmo que só no intuito
Daquela cruz temos pouco conhecimento
Jesus nos mostrou o amor em puro ensinamento
Que Ser foi Aquele, iluminado
O Filho maior do Pai maior
Sua festa amanhã, o dia mais esperado
Ele Jesus no entanto nos lembra diariamente
Natal tem que ser o dia a dia melhor
O bem conduzindo ao amor, o verdadeiro presente
Quinto Zili
Natal
Natal em família.
Menos festas. Mais harmonia.
Não comer e nem beber à vontade.
Amar à vontade.
Ter compaixão à vontade.
Cuidar e sentir, olhar e ouvir. Abraçar. Ser caridoso e gentil. À vontade.
Dar e receber um presente.
Quem não acreditou ou prefere lembrar do Papai Noel no lugar de cuidar da relação com Jesus?
Muitos lembram que a festa é para ele. Mas então. Só lembrar e falar, o que muda?
Vamos renovar nosso compromisso de ajudá-lo e não só no dia de seu aniversário. Vamos nos comprometer com ele de lembrar todos os dias que firmamos esse compromisso constante e de agradecer nossa atual existência sem desmerecer nenhuma das anteriores que na verdade fizeram ser possível chegássemos até aqui. E lembrar a cada dia de que essa roupagem temporária, emprestada do cosmo divino apenas tange a realidade que é infinitamente maior em todos sentidos e dimensões. Nosso corpo material é um grão do plasma universal condensado pela permissão de Deus. Num piscar de olhos ele se dissolve e cingimos ao ser espiritual que apenas e verdadeiramente somos.
Feliz Natal Querido e Amado Irmão, Mestre Jesus!
Quinto Zili
19
Árvore
Árvore
Plantemos ao menos uma
Num vida inteira
Árvore que ao Sol se apruma
Desde a sementeira
Cuidemos de um canteiro
Dele por inteiro
Uma obra de cuidado
O desejo de deixar um legado
Assim como quem nos cuida
O zelo pelo bem estar
Quem maneja a seiva fluida
Que nos permite a vida aproveitar
Uma árvore é vida em festa
Somos todos como a floresta
Pulsamos na Terra e no astral
Somos menos matéria e mais espiritual
Quinto Zili
1022
Sempre
Além de o Nunca sempre contestar Afiado e seu maior contrário O oposto que também tem salário Tão velho quanto, sem nunca caducar Nada de inimizades nem alardes O Sempre é o perfeito bom senso Em geral nos traz oportunidades O Nunca é sempre muito intenso Servem um do outro como contraponto Mas não se negam em público assim Nem se entregam um ao outro no entanto Temos ambos a nos ajudar quando reconhecer o bem E o Nunca será sempre do Sempre afim O mal nunca vencerá o bem, que vai sempre além 1078
Pouco
Quanto
Mais
Menos
Entre tanto
Com tanto
Meio cheio
Meio vazio
Por tanto
Não é muito
Vale o intuito
Parece oco
Parece pouco
Sentimento
Puro
Sofrimento
Duro
Leve ou pesado
Como jugo
Mas muito julgo
Meu ser, lesado
Pensar louco
Falar mudo
Amar pouco
Faltar tudo
Quinto Zili
1056
Nome da flor: Vida
Toma essa flor pra ti minha irmã, meu irmão; ela se chama Vida.
Percebe seu perfume.
Todo dia de manhã te acordarás lembrando como é o sentir o aroma bom da Vida.
Seu caule fino onde a seguras pela mão é cheio de espinhos, porque é de sua natureza, mas isso não diminui em nada sua beleza.
Se achar difícil segurá-la lembra-te que só há um jeito, com suavidade e firmeza, com certeza junto ao peito.
Onde tuas mãos a tocarem ela sentirá tua intensão, e se for com pensamento firme e com amor, cada espinho se transformará e te mostrará como seu caule é gostoso de segurar, sem dor.
Suas pétalas, essas se abrem todo amanhecer e só se fecham ao anoitecer ou se você optar pela tristeza. Isto mesmo, teu olhar para ela é que a alimenta com certeza.
Regue-a sempre com a água da paz do teu coração e adube-a sempre com o sorriso do teu olhar como oração.
Aceita essa flor com o nome Vida como meu presente. Cuide bem dela como se fosse o último que você fosse receber. E acredita que essa Vida te trará sempre algo melhor ao teu ser.
E sua beleza será tanto maior e imensa se ao plantá-la no teu jardim deixá-la próxima de outras, mesmo de crenças diferentes. Ela irá se sentir bem e terá a sombra das maiores e fará sombra às menores nascentes.
Tome essa Vida como tua daqui em diante, e não te esqueça que quem te deu te ama como o ser mais importante.
Quinto Zili
277
Gentileza
Homem das cavernas
Constantes ameaças
Medo lhe corria as pernas
Natureza só lhe trazia trapaças
Milhares de anos a finco
Passado longínquo
Lar e família eram distantes
Pouco do hoje havia no antes
Percebeu o ser um dia
Depois de muita dureza
Habilidade quase não se via
Agir por impulso de uma gentileza
Noutro dia nasceu como sutileza
Descobriu um valor novo
Um gesto foi assumido entre o povo
Se tornou hábito traduzindo pureza
Hoje temos mais dessa atitude
Que convidam as relações à gentileza
Muitos a servem com cuidado amiúde
Nem todos entendem sua beleza com certeza
384
Dinheiro
Esse papel colorido e pintado
Que manda no mundo que habitamos
Com rostos e bichos impressos em cada lado
No dólar até inscrito, que em Deus confiamos
Quanto mais o temos
Mais o ter o queremos
Quem nem um pouco o possui
Lamenta que Deus o exclui
O dinheiro não é mais que um símbolo
Mas remunera o justo trabalho
Se muito fácil no entanto ele vem
Geralmente se vai pelo mesmo atalho
Ele não é do mal
Nem tampouco do bem
É como usar o sal
O abuso jamais convém
Dinheiro não tem moral
Mas não é só culpa dele próprio
A riqueza é de um poder fatal
Sem equilíbrio ela se torna o ópio
Que com o dinheiro não mais briguemos
E nem por ele, ainda menos
Talvez um dia sem ele viveremos
Mas hoje ainda é a moeda de troca que temos
Quinto Zili
954
DRUMMOND
DRUMMOND
Ele entrou na casa da Poesia.
Entrou. Lá viveu e se trancou.
De lá saiu só para ir de vez. Embora.
Deve ter levado a chave ou a jogado fora.
Ou só contou o segredo a uns poucos amigos, outros poetas.
Aqueles que entendiam melhor os seus escritos, escritores atletas.
Que de pronto, sem inveja, com bondade , o viam sem vaidade.
Escrever o amor como ele o fez, desde o cheiro dessa brisa, só quem contemporiza, do mal não se utiliza.
Em sua homenagem e à sua poesia, quem tenta este caminho, tem uma certeza, não haverá outro igual, com o verbo descomunal, pai da escrita, o senhor da letra; irrestrita!
Quinto Zili
Esquecer
Do mal e da dor
Da raiva, da falta de amor
Dos vícios materiais e morais
Das más tendências reais
Não dá só para esquecer
Apagar sem rever
Não dá para apenas virar as costas
Seguir sem perdoar são as piores apostas
A verdade é só uma
Quantas vezes precisaremos
Até que o bem em nós assuma
Todos de nós assim nos transformaremos
Cultivar o amor em toda parte
Começar em nós mesmos essa arte
Estendendo ao próximo como possível
Até se tornar prática normal e sensível
Assim o esquecer é mais que tentativa
Realidade é entender e modificar
O que é ruim, em bom de forma definitiva
E o mal, no bem do amor e do perdoar
Quinto Zili
1019
Marcela
Tenho três lindos rebentos
E hoje é festa da que nasceu primeira
Com eles, meus olhares mais atentos
Marcela, trinta e três, da boa sementeira
Um encanto de mulher, bom astral
Já é mãe do meu Gabriel, executiva e tal
Com ela não se pode ser meia colher
Esperta, amorosa, sabe bem o que quer
Forte personalidade
Ligada, parceira e desejosa
Ponderada na sua realidade
Curte a vida de forma prazerosa
É dedicada, honesta e responsável
Querida filha e seu Julian, pais do pequeno Gábi
Tem bom humor em dose invejável
A tenho por amor. Sê muito feliz em tudo que te cabe
Pai
Mãos
Os gestos e as práticas
Duros, delicadas
Gentis, ásperas
Carinhosas ou revoltadas
Sempre às duplas na urdidura
Mais de um caminho se depura
Uma segura, a outra a seguir
Concordam até no divergir
Quando no mesmo foco atuam
Trabalhando juntas suam
Daí saem obras maravilhosas
Artes, segredos, coisas gostosas
Mãos que trazem o nascer
Que levam ao morrer
Siamesas de um mesmo tronco
Semeiam ou matam como gênio ou bronco
Curam e transformam
Mas se sujeitam à mente
Daí que o bem ou o mal operam
De quem age são ou doente
Nossas são as mãos de Deus que obram
Tentáculos do Pai que menos nos cobram
Fazem acontecer e com elas o bem se usufruir
Delas, em verdade, só não podemos fugir
Quinto Zili
696
Problema
Não nos faltam
De toda sorte
Repletam
Do nascer à morte
E se depois não se findam
Ainda que os contrários pensam
Carregamos muitos conosco
Continuam como enrosco
Se queremos deles nos livrar
Então basta os solucionar
Perdoar a quem for
E pedir perdão à quem levamos dor
Simples assim
E outras soluções afim
Amar como conduta daqui para frente
Agir como Jesus, nosso irmão docente
Problema é que somos ignorantes
Ainda não entendemos o amor
Um dia seremos melhor que antes
Amor virá, mesmo pela dor
Quinto Zili
1013
Preguiça
Quebrado o encanto da estrada
Da realização frustrada
Da não plenitude na vida
Sem desejo e a vontade carcomida
Preguiça nem fala dela mesma
Se evita a si própria
É estorvo da conquista
Das coisas e do mais à vista
Meramente voluntária
Altamente destrutiva
Aquele que a abraça
Sorve o suco da traça
Triste e completa
Experiência amarga
Ter preguiça é não avançar
Na areia movediça afundar
Fugir dela é ter vontade de fogo
Usar o medo para dela correr
De ser pleno de novo
De resgatar a vida no gozo do ser
Q.Z.
403
Mentira
Quem nunca mentiu Não está vivo nesse planeta Quem da mentira fugiu Sabe que ela é perneta Questão de princípios Moral elevada Ideais são indícios De condição avançada Mentira, do bem ou do mal Qual a diferença da praga Da verdade, é como o sal Nenhum, deixa insosso; a mais, estraga Nada justifica a mentira Talvez só quando evite o mal Mas ainda assim, da verdade que se retira Fosse necessário um sofrer providencial A máxima, na verdade, das Leis Naturais O que Jesus trouxe à tona como lição À justiça divina, mentira é causa que provocais Em nós mesmos seus efeitos se sentirão 953
Carga
Não é o peso nem o cilício
O tamanho dela
Nem o suplício
Mas como suportamos ela
A cada um de nós
Segundo suas obras
Carga revela atroz
Do nosso passado as manobras
Nada de injustiça
Nenhuma coisa errada
Tudo tem dobradiça
Depois de aberta, terá que ser fechada
Vai e volta
Prende e solta
Não é olho por olho, nem dente por dente
É misericórdia divina, que jamais se desmente
Nada se nos retira
Do pouco que não se tem
Deus é quem põe e tira
De tudo que nos convém
Somos passageiros e motoristas
De nossa própria jornada
Depende de qual tipo de conquistas
Se a carga será mais ou menos pesada
Quinto Zili
981
Robô
Robô
Num sonho recente, um devir
Eu o vi até chorando
Estava se comunicando
Era um robô que parecia sentir
Não há mais limites
Tecnologia avançou fronteiras
Não se usam mais rebites
Tudo será diferente quanto queiras
O ser humano que conviverá
Com seres artificiais
Com inteligências tais
Que também o perseguirá
Não há no entanto o que temer
Exceto pelos continuados erros
Robôs não terão sentimentos reais como temos
Nem espírito, lembremos
É matéria transformada e tal
Inteligência artificial material
Sem alma nem carga moral
Coisa que muito terrestre ainda cuida mal
Quinto Zili
551
Calor
Um vulcão eclodindo
Suas brasas e lavas
O que vem do fundo da Terra
Calor máximo que se encerra
Muita pressão
Em compasso de espera
Vem à tona e supera
O momento da erupção
Como se vê na química
Calor é parte das reações
Elementos em atração dinâmica
Desprendem energias em profusões
Nas relações humanas do ambíguo
No intelecto do ser indivíduo
Calor como sensação indutiva
Amor, vergonha, onda de calor instintiva
Sem excesso o calor é alimento
No amor o máximo acalento
Na dor remédio ao sofrimento
Calor a nos tirar da indiferença e do relento
Quinto Zili
525
Maca
Da maca para a cama
Inversos corretos
Doente depois são
Curado em evolução
São muitas macas que usamos
Em todas vidas uma ao menos
Sozinhos em momentos de dor
Acompanhados, em enfermarias do Senhor
As camas, nossos leitos de descanso
Cada uma é um templo de paz
Em geral começam simples em berços
Terminam em duplas ou de casais
Camas e macas
Onde os corpos se recuperam
E onde as almas se realimentam
Enquanto matéria descansa, espírito avança
Amor carnal na cama
Sofrimento carnal na maca
Alma não se deita, só espreita
Espírito amadurece enquanto corpo envelhece
Quinto Zili
404
Aquilo
Esse ou aquele
Isso ou aquilo
Aquilo outro
Diferente daquilo
Encontrado noutro
Qualquer daqueles
Nosso ou deles
Doutra ou doutro
Qual é
Quais são
Essas coisas
Ou aquelas
Todas elas
Nossas ou delas
Delas e deles
Neles ou nelas
Aquilo era meu
Não era teu
Me deu
Me escolheu
Então chega
De discussão
Muita fala
Pouca ação
M. F.
930
João Gilberto
João Gilberto
Um violão vai chorar
Suas cordas vão lacrimar
O João do seu tocar
Suas mãos o vão deixar
Com toda sua bossa
A nova, todos sabemos de certo
A única e nossa
Do baiano brasileiro João Gilberto
Coisas que só o coração
Que cantavam ele e seu violão
À minha e muita geração
Numa nota só, no samba de meditação
As garotas de Ipanema vão chorar
O Gilberto, que foi João, foi com Deus morar
A Aquarela do Brasil vão tocar
E o pato desafinado no Corcovado vai ficar
Coisa mais linda a sua obra João
Brigas nunca mais te incomodarão
Chega de saudade, será só bim bom baião
Sua morte vai machucar demais a todo coração
Quinto Zili
Ouvir
Quietude
Paciência
Moderada atitude
Ouvir é ciência
Primeiro escutar
Depois falar
Seguir o ditado como boa ovelha
Quando um burro fala, outro abaixa a orelha
Respeitosamente
Mais que isso
Jeitosamente
Bom compromisso
Duas orelhas e só uma boca
Não são enfeites na cabeça
E se a língua for louca
Pode que os ouvidos enlouqueça
Antes que se confunda, se merece
A máxima é que o silêncio é uma prece
E se de ouro é o falar
Diamante é ouvir, o escutar
Quinto Zili
781
Agrião
Amargo e meio picante
Clorofilante
Na salada
Ou de bocada
Há quem dele não goste
Quando criança me dava ânsia
No prato alguém que o encoste
Outro o quer de ganância
Agrião, forte, verde escuro
No suco se delicia
Refrescante e puro
Saúde propicia
Tempera a ver se não gosta
Qual rúcula deliciosa
Sua irmã, tente a aposta
Os amargos na boca prazerosa
Quinto Zili
838
Paralelo
Paralelo
Apenas o outro lado
Um mundo associado
O que não vemos
O paralelo que não cremos
Almas em convívio
Para quem for o alívio
Não se sabe de antemão
Compartilhar em profusão
Um mundo inteiro
Paralelo e real
Pouco nítido mas lindeiro
Não nos atina o espiritual
Só partindo para ver
Sentir, verificar e comprovar
Encarnado é difícil de crer
Como aqui é aí, sem por nem tirar
Morre para ver
Faço contigo aposta
Aí, temos dúvida de entender
Aqui, tudo vira resposta
Quinto Zili
890
Sopa
Sopa
Coloqueis tudo na receita
Abundantes ingredientes
Poção de saúde perfeita
Pitadas de vontade apetecentes
Esse prato será completo sabor
Cozido no fogão do amor
O jeito de cozinhar é marca
Cada qual tem um estilo e um enredo
Mas pedis por uma sopa farta
Vais ver que a emulsão tem segredo
E cada parte da feitura
Toma aspectos de entrega pura
Democrata é a sopa, irreverente
Qualquer acepipe fresco ou bem maduro
Viram quentura de um sabor final diferente
Umas suaves, outras com toque e aroma puro
Faz-se o blend preferido ou um bem requintado
E sopa com pão é essencial, mais queijo ralado
No imo desses versos, que importa é o efeito
Mata uma fome e sacia um desejo
Rega uma reunião familiar num alimentar perfeito
Sopa une tudo, ingredientes, calor, para tomar de beijo
Quem faz, quem come ou toma, ninguém rejeita
Quente ou fria, parece mesmo de amor ser feita
Quinto Zili
461
Tentativa
Tentativa
Aquela postura
De desespero
De desânimo
O pânico
Síndromes à vista
Falha de conquista
Quase irreversível
Situação temível
Talvez falte tentativa
Buscar alternativa
Dentro do próprio mergulho
Ao se encontrar com o orgulho
Aproveitar o momento
Na máxima crise
No fundo do poço havido
Lá está o tesouro escondido
Não lhe falte tentativa
Não existe morte altiva
Só existe vida, em tudo
Deus nos ama demais, vivos sobretudo
Quinto Zili
523
Casamento
Casamento
Quero amar-te nesta vida
Vejo o tempo à nossa frente
Seremos um do outro guarida
Tu me trazes novas sensações
Quero ter-te cada vez mais
Seremos um só de dois corações
Tanto tempo procurei
Alguém me desse seu amor
E achei pra dar meu calor
A quem me trata como um rei
Que bela é a vida
Tão longe está a morte
Hoje temos um ao outro
E não reclamamos da sorte
Que Deus permita para sempre
Nossa relação bela e segura
Pois só quem ama é quem sente
A verdadeira relação de ternura
Ame sempre caro amigo
Voe e alce a luz da sua paz
Mas leve sempre junto contigo
Semente do amor não se deixa pra trás
Quinto Zili
103
Perfeição
Perfeição
Ainda não sabemos o que é
Como é
Onde se encontra
Em quem desponta
Ou o mais próximo que seja
Até onde se perceba e veja
Só Aquele que pisou na Terra há dois mil anos
O espírito mais perfeito, Jesus dos nazarenos
Porque de perfeição nada entendemos
Sem poder avaliar sua extensão sofremos
Mesmo nossa noção de perfeição é imperfeita
Da semeadura maior somos apenas nossa colheita
Então o que seria a perfeição
O bem, o amor, o perdão e a caridade
Tudo junto em harmonioso diapasão
O próprio sofrer como outra realidade
Até nossas preces são imperfeitas em tese
Por certo deveríamos entoar mais agradecimento
Mesmo que não pareça Deus dá todo suprimento
E ainda nos brinda com Jesus na catequese
Quinto Zili
790
Dia das Mães
Dia das Mães
Não sei se mãe já fui uma vez
Quem sabe nalguma encarnação
Mas se fui, obra de Deus me fez
E hoje aqui sou homem em ação
Nos lembrássemos de outras vidas
Que experiências iríamos encontrar
Seriam graças ou memórias sofridas
O véu do esquecer é dádiva do amar
No Dia das Mães quem se lembra se comove
Quem não queria estar com a sua mãe por perto
Quem não quer a benção que se renove
Chorar e rir no colo de amor único e certo
Quem consegue amar incontinente
Cuidar desde o primeiro dia de vida
Antes mesmo na barriga quente
Que pari feliz até na dor sofrida
Quem cuida até o último dia de um ser
Quem sofre quando um filho perde ou se vai
Que adota outros quantos pode ter
Que chora por amor, dor, alegria, sofrer e nunca cai
Mãe é pilar, é altar, é igreja
De joelhos devemos lhes prestar homenagem
Que Mãe Maria nos ouça, Vossa benção que assim seja
Dia das Mães é todo dia nesta sagrada romagem
Quinto Zili
Orai e vigiai
Orai e vigiai
Ao longo de uma vida
E também na eternidade
Seja de gozo ou sofrida
Seja na saúde ou enfermidade
Jesus nos ensinou à abastança
Do concreto ao sensorial
Que havendo esta aliança
Matéria bem usada eleva o espiritual
Que cuidados devemos ter
A vigília como obrigação
Cada qual e o todo perceber
Quanto bem ser posto em ação
Se o mal nos visita
Se é incúria indevida
Sem oração é desdita
Sem vigia vida invadida
Filhas e filhos, se me permitem
Deus Quem nos criou e nos deu vida
Com Jesus Boa Nova não é só mero item
Mas linha mestra da evolução prometida
Zili
883
andorinha
Andorinha
Francesca
pólen
pólen
Francesca
pequena
pequena
pérola delicada
grão
mostarda
noção
pequena porção
emoção
gota de amor
instante sem dor
justa palavra
conforto possível
da boa lavra
pequena ajuda invisível
C.L.
872
Caboclo
Caboclo
Minha mãe do céu, Ele ainda nos deu o perdão
Será que isso mesmo que aconteceu
O Homem veio em nome de Deus
Crucificamos o Cristo, ao lado de ladrão
Se Ele alguma coisa roubou
Foi o mal dos corações
Mas nem mesmo isso fez
Só o bem plantou, nada levou
Sou um caboclo destemido
Sofrido e carcomido
Vim de longe para dizer
Como é lindo esse fazer
Escrever nunca me foi fácil
Eu não saberia esse conhecer
Hoje sou até professor
Mas o que ensino é o bem querer
Aprendi com Ele Jesus
Que já de longe é pura luz
Depois de eu muito errar
Na graça de Deus pude Ele encontrar
E deixo abraço de caboclo matuto
Quem lembrar de mim não carece luto
Aqui se vive mais e se trabalha bem mais que aí
Olha para o céu, quanto amor e quanto bem vem daqui
Quinto Zili
545
Arte
Um pincel na mão
Uma talhadeira
Uma ideia em execução
Arte se tornando inteira
Uma poesia de toque
Uma canção melodiosa
O esculpir sem retoque
Mesmo a arte religiosa
A alma transbordando
Dobrando a fronteira
Rompendo, ultrapassando
Sentidos em fogueira
Liberdade à arte
Comunhão espiritual
Todo mal à parte
Do veio do bem astral
Ousar-se pintar o sete
Quando Deus nos tem compaixão
O feio na arte não se repete
Pequeno registro da má inspiração
Pintura maior, o infinito do céu
Onde os outros mundos viram estrelas
Arte suprema por Deus ao pincel
Beleza sem fim, de podermos vê-las
856
Amores
Amores
Entre campos e pastos
Nos planaltos e serras
Sem limites e vastos
Até mesmo nas guerras
Onde se plante o olhar
Sempre encontraremos flores
Às vezes como pedras raras
Revelando veios de amores
Homens garimpam minas profundas
Buscando riquezas materiais
Como seriam se nas lavras imundas
Só procurassem os bens espirituais
As pepitas sempre são encontradas
Não importa onde sejam buscadas
Os amores são como tais
Riquezas superiores, mais colossais
Esqueçamos os rancores
Plantemos alianças e compreensão
Colheremos muitos amores
Belas flores de Deus ao coração
Quinto Zili
531
Chamado
Chamado
Vem do outro lado do muro
Do muro de dentro do teu coração
De que lado vem o som puro
Prestar melhor atenção
O vizinho já escutou
Não foi você quem chamou
Outros vizinhos ouviram também
Há algo diferente na linha do trem
O caminho está assegurado
Vem sendo feito o chamado
Pode a mente furtar-se entender
Vacilar o pensar e se arrepender
Chamamento provocante
Acontecendo a todo instante
Não escuta quem tapa o ouvido
Palavras são do Mestre querido
Ele não altera o tom
Não muda o discurso bom
Nós que damos de ombros
E terminamos em escombros
O chamado na verdade é hino doce
Como cântico de anjos fosse
Daí sofremos na alma e o corpo se reduz
Sem atender a Jesus, único sábio da luz
Quinto Zili
499
Por que Poesia Espírita
Por que Poesia Espírita
Merece uma explicação
Porque adjetivei a poesia
Quando pura e de isenção
Arte prescinde de categoria
Foi uma escolha minha
De como divulgar uma filosofia de vida
Poemas, mensagens, o que me vinha
Da doutrina consoladora pelos Espíritos trazida
Por humildade e respeito, ainda foi definido
Que se tivesse prévia noção do que se leria
Em que o leitor seria envolvido
Mostrar, de antemão, do que a poesia trataria
Quem não aprecia ou desgosta
Descarta antes sem problema
Não quero incomodar, nem a quero imposta
Permitir assim bater o olho e não lê-la
E se a Poesia Espírita ferir alguém
Que fira antes a mim, pobre escritor
Ela falará só do amor e do bem
Será minha a licença poética como seu tutor
Afinado em Jesus sobre os variados temas
Humanidade nada perde com esta poesia
Só ganhamos mais meios de entender problemas
No mais, dos Espíritos, é o que se pretendia
Quinto Zili
Naquele viaduto, vidas
Naquele viaduto, vidas
Aquele pequeno espaço tinha servido de casa. De um cômodo, por onde passou e dormiu uma família. Maria, Pedro, três filhos pequenos e dois cachorros.
Uma enchente histórica levou a casa, tudo que tinham e fugindo do perigo, à noite, acabaram nesse buraco sob um viaduto.
Cidade grande, calamidade, emergência e mais uma família assim como tantas outras se vê em completo abandono.
-Mãe tô com fome, mãããe!
-Quero dormir, não vamos voltar?
-Tenho frio mãe.
As sete bocas nada tinham com o que se alimentar e só tinham um galão de água. O local era úmido, sujo e frio. Mesmo sendo verão de enchentes, o calor esquecera daquele lugar.
-Pai tô com medo, ninguém vai ajudar a gente?
Apesar do desespero, pelo menos as crianças dormiram no calor do colo dos pais e grudados aos cachorrinhos. Pedro antes de amanhecer olhou para Maria e se entenderam quase sem falar. Saiu desesperado para buscar ajuda, alimentos e avisou Maria que se não retornasse até o final daquele dia ela teria que sair dali e levar todos até achar um abrigo de prefeitura. Um dos cachorros simplesmente o acompanhou enquanto o outro montou guarda ficando, com o que pareciam entender o drama e colaborando na segurança.
Pedro saiu bastante desesperado. Caminhava, corria, suava, chorava, pensava e orava em voz alta como a convocar o Teco, seu amigo cão a fazer o mesmo “não posso deixar minha família sofrer desse jeito meu Jesus; me ajuda pelo amor de Deus”.
Subiu e desceu ruas, quilômetros, horas caminhando. Gente olhando para ele com desconfiança. Parecia um indigente, sujo e cansado. Num dado momento viu o Teco inquieto que sai correndo em direção a uma cena pouco distante, dois homens atacando alguém. O cão chega mordendo um deles enquanto o outro ainda tentava tirar pertences da senhora machucada deitada no chão, e antes que Pedro os alcançasse eles fogem covardemente. A velhinha muito machucada, sangrando na cabeça e nos braços sem conseguir se levantar começa a falar:
-Ai minha Nossa Senhora, graças a Deus alguém apareceu. Me ajuda aqui moço. Ai! Ai! Pega ali meus óculos. Os danados me levaram tudo, olha só!
-Eu ajudo a senhora…
-Olinda, filho.
-Pedro, dona Olinda
Ele a carregou por mais de um quilômetro até onde ela morava. Sua casa pequena, mas muito arrumada, se destacava na rua estreita e de poucas árvores. Entraram e ele a levou ao quarto onde repousava seu marido doente numa das duas camas. Apareceram vizinhas que acudiram a senhora. Falavam com ele Pedro, para saberem do acontecido, ao que pacientemente relatava.
Pedro apesar de já inquieto e preocupado ficou mais um tempo por perto, quase duas horas pois se compadecera da senhora, mas precisava ir embora para continuar sua missão e ao pedir um copo d’água para sair alguém lhe acenou com um prato de comida e um pouco de ração para seu amigo e lhe pediram que fosse ao quarto da senhorinha.
– Coma Pedro. Você deve estar com fome. Carregou muito peso (Risos). Para onde ia, quem é você?
Ele, enquanto engolia a comida e ia olhando pelas paredes os retratos de uma família linda, acabou contando seu drama. Dona Olinda se emociona e ao som daquela narrativa também olha para um pequeno quadro sobre seu criado mudo.
-Quem são dona Olinda?
-Meu filho, nora e meus 3 netos.
-São lindos, que bela família a senhora tem.
-Eram sim. Há dois anos perdi todos num acidente de carro.
Pedro não sabia o que dizer. Ficou mudo, estarrecido. Seu corpo estremeceu e sentiu muita tristeza, a mesma que estava vivendo com sua família em risco.
-Pedro, vá imediatamente buscar sua mulher e seus filhos. Traga-os para cá. Tenho um quarto nos fundos que vocês podem usar por enquanto.
O homem se ajoelhou perante a senhora, beijou suas mãos, olhou para o velho da cama ao lado, que lhe sorria. Saiu em disparada, correndo. Depois de três horas chega com a família mais Teca e Teco.
A vida naquela casa depois de dois meses mostrava o que é se encontrar um oásis em pleno deserto. O casal de velhos entendeu que Deus lhes devolveu a família. Pedro e sua família entenderam que Deus lhes enviou um par de anjos protetores.
Pedro era um faz de tudo na casa e pelos velhos, além de conseguir fazer bicos e conseguir ganhar a vida honestamente e Maria uma pessoa extremamente caridosa que cuidava dos velhos com amor, o mesmo que dedicava aos seus filhos com esmero.
Em seis meses o velho marido de Dona Olinda falece. Ela na sequência também começa a adoecer e por não terem parentes a quem deixar o pouco que tinham, avisa Pedro que se ela morresse ele deveria procurar um tal senhor no cartório do centro.
Dona Olinda havia sido importante professora de uma escola da região e acabou conseguindo lá mesmo matricular os três filhos do casal, Ana, Clara e Junior, 9, 7 e 5 anos. Ensinou tudo o que podia a Maria, inclusive a costurar numa máquina que possuía. Em um ano ela se vai, deixando tudo que tinha para o casal. A casa, economias e uma gratidão enorme pois Pedro e Maria cuidaram dos velhos como se seus pais fossem.
Cidade grande, desumana, trágica.
Gente boa, calor humano.
Providência divina.
Desespero e medo.
Amor e compaixão.
Tudo se mistura numa grande cidade. Inclusive vidas”
Quinto Zili
829
Apelo
Apelo
Insisto com esse meu apelo
Já há muito lhes faço
Para mim tem sido um pesadelo
Podem crer no meu embaraço
É recorrente e digno
Qualquer pedinte o faz
Meu apelo é benigno
Mormente daqui onde se jaz
Só uma prece
Uma lembrança pela minha alma
Nada mais me aquece
Fiquei perdido, me findei sem calma
E como eu há muitos semelhantes
Parentes, amigos, conhecidos
Apelo por todos cambaleantes
Somos irmãos, não frutos desconhecidos
O amor acende uma luz
Mesmo à distância se produz
Um jorro de esperança a quem se conduz
Elo distante até reencontrar Jesus
Quinto Zili
557
Mulher
De onde veio essa coisa de que homem é superior à mulher, sendo que no máximo, na realidade, ele tentar lhe ser igual ainda seria precário. Quando os homens pensavam que elas evoluiriam até atingir o nível deles. Quando tudo, de verdade, se passava ao contrário.
Por excelência de seu existir, ou na dose superior de resignação, as mulheres se curvaram à violência e ao orgulho dos machos de sua raça. Até hoje ainda, elas, em número equivalente porém melhores, os admitem, homens de toscas falhas, a atuarem como os responsáveis pelo mundo. Mera concessão e de graça.
Ora, ora, acreditem ou não, está terminando esse ciclo. O homem finalmente está começando a perceber sua ruidosa e vaidosa condição, de força e violência, truculência e orgulho, e em tendo agora que fazer tarefas erroneamente classificadas como femininas, vai percebendo sua real posição.
E a questão se mostra mais clara aos olhos do espírito, em que não se distingue sexo. No corpo de carne é uma injunção decisiva, de provas, de necessidades, de múltiplas experiências. Perante Deus, somos todos iguais. Corpo e alma. Sempre fomos, sempre seremos. E o homem pleno, esse nunca se viu nem acima nem melhor que a mulher, ao contrário, sempre lhe rendeu reverência pela sua melhor condição de sensibilidade e amor de mãe inatas, que são diferenças naturais criadas por Deus. Elas são superiores aqui na Terra. Elas dão o equilíbrio às relações, pregam paz em vez de guerra.
Rendamos, homens, nossas humildes homenagens à elas. Às nossas mães, esposas, irmãs, filhas, sogras, e à todas indistintamente, que até hoje tentamos subjugar pela força e menos pela inteligência, que sempre nos faltou à mente.
A evolução foi da mulher e do homem, mas elas sempre estiveram à frente. O homem é que saindo da inferioridade, hoje melhorado e menos nocivo, passa a entender agora o seu papel e sua falha milenar de esbulho possessivo.
VIVA AS MULHERES, HOJE E TODOS OS DIAS!!
Quinto Zili
A roda dos expostos e Zeca
Sim, foi naquela roda. Lá que ele nasceu, que o encontraram. Só lhe contaram isso quase no final da vida. Abandono é o sentimento mais duro de suportar. Rejeição.
-Olá, bom dia seu Zeca.
-Bom dia minha filha.
-Trouxe um pouco de comida e leite. Não consegui o seu remédio.
-Você já é um remédio para mim, lembrando desse velho, minha querida.
E essa era a rotina dos últimos dias de Zeca, aos setenta anos, vivendo na rua de dia e se recolhendo à noite ao abrigo da cidade que o acolheu desde criança. À essa altura já sofria de doença reumática degenerativa. Perdera sua pequena oficina e nem podia morar sozinho devido suas precárias condições de saúde e vivia praticamente de doações e ajudas de pessoas amigas.
Foi criado numa creche de Santa Casa porque quando foi achado na roda dos expostos logo surgiu aquela senhora do convento que o levou ao padre da cidade. E assim ele cresceu pelas mãos de pessoas abnegadas. Se tornou jovem, aprendeu ser sapateiro e foi como trabalhou toda a vida, ficando conhecido por toda a redondeza pelas suas habilidades. Por vezes pessoas o procuravam por achar que pelas suas mãos habilidosas no couro, também aconteciam alívios de dores e até curas, segundo muitas testemunhas. Mulheres levavam seus sapatos, sandálias e joanetes e depois de tempos se sentiam livres de dor. Até pés deformados por artrite e dor apareciam curados ao serem tocados por suas mãos. Mas também era mau visto por maridos ciumentos e muitas pessoas descrentes.
Zeca era pessoa calma, bondosa e paciente. Entendia de misericórdia como poucos. Nunca teve curiosidade de conhecer seus pais. Acreditava mesmo que não os tivesse ou os merecesse ter. Seus pais na prática foram as freiras do convento, voluntários da Santa Casa e pessoas de bom coração da cidade. Seus irmãos, todos os outros abandonados, rejeitados como ele.
Teve sua pequena oficina atrás da igreja em cantinho arrumado pela prefeitura e ganhou suas ferramentas do dono da rádio da cidade, seu primeiro freguês. Lá morou e viveu sozinho até se adoecer e não mais conseguir lidar com a bigorna e a turquesa. Suas mãos atrofiaram.
Um dia antes de sua partida para o céu do Senhor Jesus, e ele chorava toda a vez que rezava para Ele e Nossa Senhora Sua Mãe, recebeu uma visita de uma senhora. Logo cedo, já estava na calçada da praça como de costume e ela se aproximou. Ele achou que estava sonhando e não deu de olhos. Sentiu um aroma intenso de incenso de igreja mas não conseguia fixar sua atenção. Ela pousou a mão sobre sua cabeça dizendo:
– Meu filho, vamos agora, chegou a hora de partir e encontrar sua família.
O homem começou a tremer e chorar e tentava descobrir atinando os pensamentos, quem era que lhe falava assim de maneira doce mas firme e então ela mais uma vez lhe falou:
– Sou sua avó meu Zeca querido; estou com você desde o primeiro dia de sua vida aqui nesta cidade.
Zeca chorando compulsivamente, respondeu:
– Mas minha avó, como é seu nome, e minha mãe, meu pai onde estão?
Zeca até então em toda sua vida nunca lembrara dessas figuras e menos ainda que poderia ter uma avó.
– Noêmia e seu avô José, estamos aqui agora para te receber e te levar. Seus pais, você irá encontrá-los quando for do merecimento deles. Fique tranquilo e que Deus o abençoe.
Zeca viveu esse último dia na Terra muito intensamente e foi o mais excitante de sua vida. Seu coração levado por tantas emoções e alegria bateu descompassado e parou naquela noite. Como ele não apareceu no abrigo, pela manhã o encontraram deitado e no rosto um sorriso, os olhos vidrados como quem vira o passarinho verde.
Essa foi a vida do Zeca, setenta anos de simplicidade, humildade e resignação. Distribuiu amor e caridade. Na verdade retribuiu a caridade e o amor que ele mesmo recebeu apesar da ausência dos pais. A roda o expôs à vida e Deus não o abandonou. Zeca, no seu íntimo, sabia disso.
Quinto Zili
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Cruz
O tamanho do teu calvário
Revela tua senda anterior
Ou tua entrega ao precário
Do trabalho para o Senhor
Dois os meios, uma finalidade
Quem foste no passado
Quem tu serás em verdade
Onde o final não é a cruz do pecado
Jesus sim foi à cruz
E demonstrou o bem sofrer
Foi escolha maior, se deduz
Nos ensinou o perdão no limite do ser
Se tua cruz é pequena
Calvário é humano benefício
O que importa e vale à pena
Tua ajuda ao próximo com ou sem sacrifício
Quinto Zili
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