Falar

Desenrolando a língua
Deixando o silêncio à mingua
O que importa é falar
Num canto não se isolar

Mas não é para todos sabemos
Falantes sermos, nós tímidos queremos
Ajudas são possíveis
Autoestima em baixos níveis

Confiar que pode, só não basta
Até a mente parece que se arrasta
Somos talvez orgulhosos
Perfeccionistas  e teimosos

Não vemos no entanto vantagem
Pensamos demais, mas nos falta coragem
O medo de errar e se expor
Máscara da timidez causando pavor

Temível contra si próprio
Tímidos preferem o colóquio
Me incluo nessa fielmente
Qual a saída finalmente

Tendo lido e estudado muito aliás
É mesmo o orgulho que está por trás
Também tem a ver com excesso de vaidade
Solução pode crer, aprender a humildade






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Poder

Dinheiro ou poder
Nunca soubemos bem
O mais que o homem tem no querer
A menos que já o saiba alguém

Tanto faria contestar
Fossem o amor e o bem
Isso sabemos avaliar
Nem perguntar a ninguém

Por que o abismo
Quanto egoísmo
Falta ao homem 
O mínimo altruísmo

Enquanto não aprendemos
Nos consumimos insanamente
Febre atinge até a alma
O poder, parece, ninguém o acalma

Só duas coisas frustram o poder
Necessidade e sofrimento
Um dia para todos isso vai acontecer
Para cada um no seu momento




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Jô Soares

José Eugênio Soares

Que politicamente correto nada
Ria do próprio peso tamanho
Gordo feliz de bem com a vida
Fez de todos nós seu rebanho

Não segui-lo seria impossível
Aguardar seu beijo de sempre
Dos espíritos entre nós foi incrível
Paria na fala como se fora um ventre

Simples e complexo
Sagaz e doce
Alma côncava, corpo convexo
Jô seria quem, se José não fosse

Ele foi, e é, da graça o gênio
Elevava no riso, todos aos ares
Pouco conhecido no nome Eugênio
Jô desfilou elegante nessa vida Soares

Eder Ziliotto
05/agosto/2022